O ETF (Exchange-Traded Fund) é um fundo de investimento de índice, com cotas negociadas na bolsa de valores, a B3. Quando você compra um ETF, pode investir em um determinado grupo de empresas, moedas ou mercados, tanto nacionais quanto internacionais. Com ele, você pode, por exemplo, aplicar no mercado chinês ou em empresas de tecnologia norte-americanas. E ainda escolhe a modalidade em que deseja investir: títulos de renda fixa, ouro, criptomoedas, commodities ou, ainda, ligados ao setor imobiliário.
Porém, quem compra um ETF não realiza estas operações por conta própria. Você adquire os títulos via fundos de investimentos, que são grupos de pessoas que fazem, de forma coletiva, uma determinada aplicação. Cada indivíduo compra uma cota do fundo, que é administrado por um gestor. Recorrer a um fundo é como contratar um agente de viagens para um tour a ser feito em grupo: ele organizará tudo para o passeio minimizando os riscos de escolher um hotel ruim ou entrar numa furada, por exemplo.
O papel do gestor e do índice de referência
O gestor é um especialista do mercado financeiro que irá desenvolver a estratégia para alcançar o objetivo que o grupo espera: atingir o melhor retorno possível. Sua tarefa é escolher os títulos que irão compor o fundo, considerando o momento da economia, o interesse dos investidores e as melhores perspectivas de ganho, além de acompanhar o desempenho da carteira cotidianamente.
Para fazer a combinação de ativos no portfólio, ele precisa seguir algum critério que, no caso dos ETFs, é o índice de referência – ele funciona como um termômetro para balizar as decisões do gestor (como o agente de viagem que monta um roteiro apenas com experiências gastronômicas). Diante dessa definição, o gestor não pode deixar de seguir o que foi estabelecido – esse papel é o que se costuma chamar de gestão passiva de fundos.
Tipos de ETFs disponíveis no mercado
São inúmeros os tipos de índices de referências disponíveis – cada um diz respeito a um mercado, grupo de empresas ou moeda. Um dos mais conhecidos é o Índice Ibovespa, o BOVA11, que espelha o comportamento das ações das empresas mais negociadas na bolsa de valores.
Isso significa que, se o ETF segue o Índice Ibovespa, ele retrata os títulos de companhias que têm bom desempenho na bolsa. Se o Ibovespa sobe, o investidor ganha. A tarefa do gestor será replicar o índice no fundo de ETF e trabalhar para ultrapassá-lo (superar o benchmark, como se diz no mundo das finanças).
Tanto o Índice Ibovespa quanto o S&P 500-Dow Jones olham o mercado de ações – do Brasil e de Nova Iorque, respectivamente. Mas existem muitos outros tipos de ETFs. O IFIX L B3 ou FTSE EPRA/Nareit Global Real Estate são índices de fundos imobiliários, e o SMLL Small Caps analisa empresas da bolsa de valores com menor valor de mercado.
Saindo das alternativas em renda variável, um exemplo de índice de referência de um ETF de renda fixa é o IMA-B, que segue o desempenho dos títulos públicos atrelados à inflação e ao IPCA.
Cada fundo de investimento escolhe seu parâmetro e olha para o seu mercado de interesse. Assim, o gestor monta a sua composição e acompanha, de perto, o desempenho dos títulos comprados, tarefa que, se não fosse via fundo, caberia a você.
Principais características do ETF
Antes de comprar um ETF, é necessário entender detalhadamente quais são suas características para saber se esse é o melhor investimento para você, em seu atual momento de vida, e também compará-lo a outros tipos de investimentos. Veja, a seguir, algumas perguntas e respostas com as dúvidas mais comuns. Confira!
Quais são as vantagens de investir em ETFs?
Você tem a chance de ter uma carteira diversificada (com ativos de tipos diferentes) comprando apenas um ETF. Ou seja, está aí a possibilidade de colocar seus ovos (dinheiro) em várias cestas (mercados, moedas e empresas) em uma única ação.
Essa diversificação vem acompanhada de um menor risco, um preço acessível na compra do título e de uma taxa de administração também menor. Falaremos mais detalhadamente sobre esses temas abaixo.
Qual é o risco dos ETFs?
Ainda que os ETF’s operem com títulos negociados na bolsa de valores, seu risco é inferior ao de uma compra direta de ações. Como se trata de um fundo de investimentos composto por ações de várias companhias, se uma está indo bem e a outra mal, uma compensa a outra e gera um equilíbrio no fundo. Diferente de quando você coloca todo seu dinheiro em uma única empresa, comprando ações. Nesse caso, se a companhia quebra, você perde tudo.
Quais são os custos envolvidos na compra e venda de ETFs?
O primeiro é a taxa de administração paga ao gestor, que costuma ser menor quando comparada a outros tipos de fundos. Como o ETF vem se popularizando no Brasil, a taxa está cada vez mais baixa. Quando surgiu, em 2017, o BOVA11, que é gerido pela BlackRock, tinha taxa de administração de 0,54%; em 2021, ela está em 0,30%. Quanto mais gente procura o produto, mais barato ele fica. É importante dar atenção à taxa de administração porque ela incide anualmente sobre o total do dinheiro investido.
Além disso, há incidência de imposto de renda de 15% sobre a rentabilidade, no caso de ETFs de ações. Nos ETFs de renda fixa, o imposto segue a tabela regressiva (de 15 a 25%, dependendo do prazo médio de vencimento da carteira). Há, ainda, a taxa de corretagem cobrada pela corretora de valores, que varia de acordo com o tipo de serviço e a empresa. Nessa taxa, em geral, já estão incluídas as tarifas cobradas pela bolsa de valores (B3).
Qual é o preço de um ETF?
Aí está outra boa notícia sobre o ETF. Ele é um investimento que pode ser feito com um valor inicial baixo. Com R$ 100, você já pode adquirir uma cota de ETF. Esses preços são mais baixos justamente porque se trata de um fundo de investimento. Mas você precisa adquirir, no mínimo, 10 cotas.
Posso resgatar meu dinheiro a qualquer hora?
Sim. Um dos atrativos dos ETFs é a alta liquidez, ou seja, a facilidade para comprar e vender o produto no mercado, por meio da negociação em Bolsa de Valores. Ao vender sua cota, você recebe o dinheiro em dois dias (D+2), no caso de ETF de renda variável, e um dia (D+1) na renda fixa. Porém, lembre-se que, quanto mais tempo seu dinheiro ficar investido, maiores as chances de retorno.
Para quem o ETF é indicado
O ETF é um fundo interessante para o investidor iniciante, que ouve falar em ações na bolsa de valores, mas acha que esta é uma realidade distante, “só para quem tem muito dinheiro”. É, ainda, para quem não tem tempo, conhecimento nem interesse em acompanhar de perto o mercado financeiro e/ou as cotações de ações na bolsa de valores. Nesse caso, o investidor se sente mais seguro ao passar essa bola para o gestor do fundo.
Ele também se adequa a investidores com o perfil moderado, que buscam melhores chances de retorno dentro do menor risco possível. Os retornos dos ETF’s têm mostrado, até o momento, um desempenho melhor do que alguns produtos de renda fixa.
Antes de investir, é fundamental que você saiba que tipo de investidor você é. Para isso, leia a matéria Você é um investidor arrojado, moderado ou conservador?.
Objetivos e horizonte de ganho
Quem escolhe fazer investimentos em ETF busca diversificação e rentabilidade. Embora, como vimos, este tipo de aplicação tenha alta liquidez (você pode vender seus títulos a qualquer momento sem grandes perdas), o ideal é que ele fique investido o tempo recomendado pelo gestor.
Imagine que você mexa nesse dinheiro e, pouco tempo depois, o grupo de empresas ou mercados no qual tinha investido têm um grande crescimento e alta. Nesse caso, você perde a boa onda e o retorno que iria parar no seu bolso. Por outro lado, quando há oscilação para baixo, ela pode ser compensada ao longo do tempo.
Como aplicar
Para investir, você precisa de uma corretora de valores, que pode ser ligada ao seu banco. O processo é similar ao requerido de quem compra uma ação. Você precisará ser cadastrado na bolsa de valores. Na hora de aplicar, basta acessar o link indicado pela corretora e inserir o código referente à ETF escolhida no campo indicado. Ele é composto por quatro letras maiúsculas (referentes ao nome do fundo) e dois números (nesse caso, 11).
Pontos de atenção e recomendações
Os ETFs de renda variável estão suscetíveis às oscilações típicas deste tipo de investimento. Por isso, é importante conhecer seu perfil investidor e mirar em um horizonte de longo prazo. Este tipo de aplicação, em geral, não costuma ser adequado para aquele dinheiro de projetos como a compra da casa própria.
Outro ponto importante é que você esteja com suas contas em dia, com seu orçamento pessoal organizado e tenha uma reserva de emergência em um investimento seguro e de alta liquidez.
Outra dica é conferir as orientações do site https://www.etf.com.vc, lançado em agosto de 2021, da B3. Nele, você tem a lista de todas as ETF’s disponíveis no mercado e a lista de instituições financeiras autorizadas a fazer esta operação.
Lembre-se também de fazer uma pesquisa sobre o gestor que administra o ETF em que você está interessado, principalmente para conhecer o histórico de ganhos dos fundos geridos por ele.