Vai investir? Cuidado com quem promete milagres

Como aplicar seu dinheiro com segurança, sem cair em fraudes ou ser enganado por promessas milagrosas de rendimento.

os cuidados com promessas milagrosas na hora de investir seu dinheiro
28 de janeiro de 2021 4 min. leitura

Viu na internet um anúncio ou blog que promete duplicar seu dinheiro em poucos dias, seguido da orientação para investir naquele exato momento para não perder a oportunidade? A chance de isso ser uma fraude contra o consumidor é de praticamente 100%. No mercado financeiro e de capitais, como em qualquer outra área, não há milagres que multipliquem o dinheiro de um dia para o outro.

Em geral, os produtos de investimentos oferecem taxas de rendimento bastante similares, com um ou outro pequeno diferencial para conquistar o cliente, incluindo-se aí redução – ou até isenção – de taxa de corretagem ou de administração, que é o valor que você paga à instituição para gerir um fundo de investimento em que você aplica, por exemplo.

A exceção fica por conta da Bolsa de Valores, já que o valor das ações é influenciado por uma série de fatores e pode apresentar grandes oscilações em um curto período de tempo. Tanto para cima, gerando ganhos, quanto para baixo, provocando perdas financeiras.

Por isso, não custa reforçar: ações são um investimento de alto risco, portanto não são adequadas para aplicar o dinheiro da reserva de emergência, da casa que você vai comprar nos próximos anos nem da pós-graduação ou viagem que você programou para o ano que vem. Tenha isso em mente quando pesquisar o tema na internet e não se deixe levar.

Cuidados ao buscar informações na internet

A internet popularizou os chamados influenciadores digitais que se dedicam a disseminar informações sobre investimentos. Eles desempenham um importante papel na educação financeira e ajudam a criar a cultura de investimentos no Brasil. E isso é muito bom!

Mas eles não podem, de acordo com as normas da CVM – Comissão de Valores Mobiliários, fazer recomendações de investimentos. Essa atividade só pode ser realizada por um analista de investimentos, que é uma profissão regulamentada no país e exige um registro na CVM para ser exercida.

Surfando nessa onda dos blogueiros de finanças pessoais, pessoas de má-fé aproveitam o grande interesse pelo tema para lesar o consumidor, divulgando promessas de ganhos irreais com o objetivo de direcionar as pessoas para sites dos quais recebem comissão. Na maioria das vezes, isso acaba levando a perdas financeiras.

Em outras situações, o anúncio nas redes sociais ou link enviado por e-mail leva a um site que parece seguro, mas foi criado apenas para capturar dados pessoais, bancários e de cartão de crédito. Saiba como identificar se um site é seguro e evitar que seus dados sejam roubados. As dicas valem para qualquer compra online, inclusive de produtos financeiros.

Fuja das pirâmides financeiras

Outra fraude comum é a pirâmide financeira. Bem recentemente, foi amplamente divulgado pela mídia o caso da JJ Invest, uma empresa que não tinha autorização para operar e enganou mais de 3 mil pessoas, transformando em pó os R$ 170 milhões que elas investiram. O esquema era tão bem organizado que a JJ chegou a patrocinar grandes times de futebol no Rio de Janeiro.

As pirâmides são divulgadas como investimentos imperdíveis, que oferecem altos ganhos e baixo risco de perda do dinheiro. Quem cai nesse conto do vigário, em geral, se dá conta de que tem algo errado com ele. Quando tenta recuperar o dinheiro, é informado que ele “está temporariamente indisponível” ou algo do tipo. E aí é tarde demais.

“Os esquemas irregulares, especialmente aqueles organizados como pirâmides financeiras, levam invariavelmente a perdas econômicas para a maioria de seus participantes, ao induzirem os seus aderentes a acreditarem que estão participando de um negócio legítimo”, alerta a CVM no Boletim de Proteção do Consumidor/Investidor.

As dicas da Anbima para evitar cair em golpes virtuais

A Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais lançou, em parceria com a CVM, um serviço para orientar o consumidor sobre fraudes em investimentos, o Se Liga na Fraude. Ali, são dadas orientações para investir com segurança.

Entre os conteúdos disponibilizados, estão algumas dicas valiosas para não se deixar levar pelas “fake news” (notícias falsas) e saber separar o joio do trigo, ou seja, o que é verdade ou mentira no mundo virtual. A seguir, você conhece algumas delas.

1. Retorno garantido e sem riscos

Desconfie de promessas de rendimentos extraordinários em pouco tempo e de outras que costumam ser enganosas, como retorno garantido, investimento livre de riscos, ganhar sem trabalhar. Aqui, vale a máxima: quando a esmola é muita, o santo desconfia...

2. Indique um parente ou amigo

Se na hora de investir for pedido que você indique outras pessoas que possam ser beneficiadas pelo mesmo tipo de aplicação que você escolheu, desconfie. É o sinal mais claro de que se trata de uma pirâmide financeira, que costuma lesar o consumidor.

3. Exigência de compra de algo para investir

Se, para fazer um investimento que promete uma grande rentabilidade, você precisar comprar outro produto, desconfie. As fraudes mais comuns relacionadas a isso são a venda de um catálogo, guia, livro ou uma quantidade determina de produtos financeiros.

4. Não informe dados pessoais ou do cartão de crédito

Lá vem a promessa milagrosa, você entra no site e, antes sequer de entender bem o que está sendo ofertado, o site pede para preencher alguns campos com dados pessoais ou de cartão de crédito. Não caia nessa!

5. Conheça o histórico da corretora ou empresa

Como em qualquer compra feita online, a dica é conferir, antes, se a corretora ou empresa onde vai investir tem alguma queixa registrada no site Reclame Aqui ou comentários negativos nas redes sociais.

Como saber se a corretora ou empresa é segura

Um truque muito usado pelos golpistas é criar páginas bonitas e cheias de depoimentos de gente que enriqueceu com o investimento oferecido pela empresa. Mas será que ela existe de verdade? Tem autorização para funcionar e vender produtos financeiros?

Você pode descobrir isso consultando os sites das principais instituições do mercado financeiro e de capitais, como a CVM e a B3:

 - CVM – Confira se a corretora é licenciada pela Comissão de Valores Mobiliários, responsável por regular e fiscalizar esse mercado.

 - B3 – Veja a lista completa das corretoras e distribuidoras de valores autorizadas a operar na bolsa de valores.

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