O mercado financeiro está repleto de opções para quem deseja investir seu dinheiro e uma das alternativas mais conhecidas são os fundos de investimentos. Disponíveis em praticamente todos os bancos, os fundos são uma forma de oferecer ao investidor individual oportunidades de rentabilidade que só estariam disponíveis a grandes investidores. A seguir, você entende o que são os fundos de investimento, suas vantagens e os cuidados para fazer a escolha mais consciente.
Condomínio de investidores
Imagine que você mora em um edifício ou conjunto habitacional, que reúne centenas de outros moradores. Para facilitar as decisões coletivas, o grupo elege um síndico e contrata uma empresa de administração, que irá gerenciar as atividades do condomínio, tais como pagar funcionários, cobrar condôminos e realizar melhorias, desde que sejam aprovadas em assembleia.
Os fundos de investimentos funcionam da mesma maneira, ou seja, são como um condomínio de pequenos investidores, que se reúnem para ter acesso a melhores condições de mercado. Ao contratar o fundo as pessoas podem pagar menos taxas (veja abaixo) e contam com uma administração profissional que buscará potencializar os ganhos do dinheiro aplicado. Normalmente, essas vantagens estariam disponíveis apenas a grandes poupadores.
Quem administra, recebe por isso
Para garantir que as metas do grupo de investidores sejam atendidas e as normas legais sejam cumpridas, todo fundo de investimentos conta com duas figuras essenciais: o administrador, que cuida dos trâmites exigidos por lei e atividades operacionais do fundo, e o gestor, que toma as decisões financeiras, ou seja, decide quais investimentos farão parte da carteira.
Assim como a administradora de um condomínio recebe uma remuneração pelos seus serviços, esses profissionais também são pagos para fazer a melhor gestão dos recursos dos investidores. É por isso que a maior parte dos fundos tem um custo chamado de taxa de administração. Alguns cobram ainda a taxa de performance, que é paga apenas quando o gestor consegue obter uma rentabilidade superior à que foi combinada.
Por isso, antes de aplicar em fundos, uma das primeiras informações que o investidor deve pedir ao gerente do banco é o valor da taxa de administração e, se houver, da taxa de performance.
Como são calculadas as taxas
A taxa de administração é cobrada anualmente sobre o valor total do patrimônio investido. Aplicando R$ 1.000,00 em um fundo com taxa de administração de 1%, por exemplo, o investidor irá pagar R$ 10,00 no primeiro ano. Este valor não será cobrado de uma vez, mas em pequenas partes ao longo do ano. A cobrança se repete a cada ano, enquanto o dinheiro estiver investido, e é feita sobre o valor total, incluindo os rendimentos.
Já a taxa de performance é cobrada apenas em alguns casos. Se o fundo tem como objetivo um rendimento superior ao CDI*, que atualmente (novembro/2022) está em 13,75% ao ano, e cobra taxa de performance de 20%, significa que toda vez que superar a meta ele irá cobrar essa taxa sobre o excedente.
* O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é uma taxa envolvida nas operações de empréstimos feitas entre os bancos e é uma referência para os fundos de investimentos de renda fixa (veja abaixo).
E quanto aos impostos?
Além das taxas, há a cobrança de Imposto de Renda (IR), que acontece de duas formas.
A primeira é a chamada “come-cotas”, que ocorre em maio e em novembro. Nessas datas, podem ser cobrados 15% ou 20% de IR sobre o rendimento. A taxa de 15% é aplicada sobre os fundos de longo prazo, com vencimento superior a 365 dias. A de 20% vale para os fundos de curto prazo, que vencem em até 365 dias.
O IR é calculado sobre o rendimento acumulado entre um período e outro: em 31 de maio é descontado o imposto sobre a remuneração acumulada entre dezembro e maio. Ou desde a data de aplicação, se ela foi feita depois de novembro, até maio. Em 31 de novembro, é cobrado IR relativo ao período de junho a novembro.
A segunda forma é a cobrança do IR no momento do resgate da aplicação. A taxa pode variar entre 22,5% e 15% sobre o rendimento, dependendo do prazo de vencimento dos títulos que fazem parte do fundo. Quanto mais longo o prazo, menor a taxa.
Em quais fundos investir
Há várias modalidades de fundos de investimentos. Os principais tipos são Renda fixa, Multimercado, Ações e Cambial.
Os fundos de renda fixa são indicados para investidores mais conservadores, que desejam obter uma rentabilidade segura, com baixo risco de oscilações ou perdas. Em geral, eles garantem um retorno próximo à taxa de juros da economia (Selic), protegendo seu dinheiro das perdas da inflação. A maior parte dos recursos desses fundos é aplicada em títulos públicos do Tesouro Nacional.
Os fundos multimercado combinam diferentes tipos de títulos em suas carteiras, com riscos médios a altos, em prol de melhores retornos. Por isso são mais indicados a quem deseja diversificar seus investimentos. Pessoas que já têm uma reserva de emergência equivalente a pelo menos seis meses de suas despesas aplicada em um investimento conservador (poupança, Tesouro Direto ou fundos de renda fixa, por exemplo) e desejam buscar rendimentos melhores podem se beneficiar deste tipo de produto.
Os fundos de ações investem, em sua maioria, em ações de companhias listadas na bolsa de valores. Este produto tem alto nível de risco e, por isso, é mais indicado a investidores mais ousados, dispostos a suportar maiores riscos para obter melhores retornos no longo prazo – pessoas mais jovens que possuem tempo para recuperar eventuais perdas, por exemplo.
Já os fundos cambiais são atrelados à variação de moedas estrangeiras, assim, sua rentabilidade varia conforme o câmbio. Podem ser interessantes para pessoas que estejam poupando para fazer uma viagem internacional e não queiram ser surpreendidas com uma alta repentina de moeda, que poderia reduzir o seu poder de compra.
Outra modalidade que vem ganhando popularidade são os fundos imobiliários, ideais para quem deseja investir em imóveis, sem precisar dispor de altas quantias nem ter que lidar com os transtornos que os proprietários vivenciam, como falta de pagamento de alugueis, gastos com melhorias, dificuldade de encontrar inquilinos, entre outros.
Antes de tomar qualquer decisão, é fundamental conhecer o seu perfil de investidor. Você é mais conservador, moderado ou arrojado? Descubra!
Dicas para fazer sua escolha
Como todo investimento, é fundamental entender o objetivo que você pretende alcançar, o tempo que pretende manter o dinheiro investido e qual é o nível de risco que está disposto a correr para obter o retorno desejado.
Por ser um produto mais caro quando comparado à poupança, Tesouro Selic ou CDB, por exemplo, os fundos mais conservadores podem ser facilmente substituídos por outras aplicações com retornos semelhantes e custos menores.
Já os fundos mais arriscados são uma forma prática de diversificar seus investimentos e tendem a trazer maiores retornos, compensando os custos envolvidos nestas operações.
Lembre-se de que você é o principal interessado em fazer seu dinheiro render, por isso, procure informar-se sobre os detalhes do produto que está adquirindo. Não tenha vergonha de perguntar e pesquisar para conhecer melhor os investimentos antes de aplicar.
Matéria publicada em 18 de novembro de 2020 e atualizada em 01 de dezembro de 2022