Tudo o que você precisa saber para planejar a diversificação de seus investimentos

Entenda o que significa diversificar investimentos, porque evitar pôr todos os ovos na mesma cesta e como montar uma carteira diversificada mesmo com pouco dinheiro.

Diversificar investimentos é a chave para prosperar em qualquer cenário econômico
22 de agosto de 2024 5 min. leitura

A poupança segue sendo um dos pilares dos investimentos dos brasileiros, concentrando 25% do dinheiro investido por pessoas físicas no país. Porém, esse cenário vem mudando gradativamente. Entre 2022 e 2023, os investimentos em CDBs cresceram 15%, enquanto a poupança caiu 3,8%.

Investimentos isentos de imposto de renda, como LCIs, CRIs e LCAs, também cresceram significativamente. O número de investidores no Tesouro Direto atingiu a marca dos 2,6 milhões em março de 2024, somando um patrimônio de R$130 bilhões. A base total de investidores na Bolsa de Valores também cresceu 80% desde 2020.

Os dados são da pesquisa Perfil do Investidor Pessoa Física, feita pela B3, e refletem uma mudança no comportamento do investidor, que vem buscando alternativas para diversificar suas carteiras e potencializar o retorno de seus investimentos. Essa é, de fato, uma decisão que apoia o investidor em diferentes cenários econômicos.

Mas o que significa, exatamente, diversificar investimentos? Por que isso é importante? O que deve ser levado em conta na hora de planejar a diversificação da carteira? Vamos lá!

O que significa diversificar a carteira de investimentos

como separar o dinheiro para diversificar investimentos

A diversificação de carteira é uma estratégia que envolve distribuir os investimentos em diferentes ativos ou classes de ativos para reduzir o risco. A ideia é não "colocar todos os ovos na mesma cesta", ou seja, evitar concentrar o investimento em um único tipo de ativo, setor ou mercado.

Ao diversificar, os investidores podem proteger seu portfólio de perdas significativas, já que o desempenho negativo de um investimento pode ser compensado pelo desempenho positivo de outro. Veja alguns exemplos de estratégias para diversificar uma carteira:

# Classes de ativos: incluir uma combinação de diferentes aplicações, como títulos de renda fixa, ações, imóveis, fundos de investimento e outros ativos.

# Setores: investir em diferentes setores da economia, como tecnologia, saúde, consumo, energia etc.

# Geografia: distribuir investimentos em diferentes regiões ou países para se proteger de riscos econômicos ou políticos locais.

# Tamanhos de empresa: investir em empresas de diferentes tamanhos, como grandes corporações e pequenas startups.

A diversificação não elimina o risco completamente, mas é uma prática que ajuda a gerenciar e minimizar os riscos em um portfólio de investimentos.

Porque é importante diversificar 

conheça as regras para diversificar investimentos, dividindo o dinheiro em diferentes aplicações 

Como não podemos prever os movimentos da economia com precisão, sempre que escolhemos um investimento para aplicar nosso dinheiro, abraçamos os riscos daquele tipo de aplicação.

Ao escolher um investimento prefixado, por exemplo, o ganho já está previsto desde a contratação do título. Se o título promete um retorno de 10% ao ano, o investidor conta com essa rentabilidade. Mas esse é um tipo de aplicação que aposta na queda de juros. Se, ao longo da vigência do título os juros da economia subirem para 15% ao ano, o investidor estaria lucrando menos do que poderia.

Já o investimento pós-fixado acompanha o movimento da taxa de juros. Se a taxa estiver em 15% na contratação e, ao longo da vigência do título cair para 8%, o investidor estaria em desvantagem em relação a aquele que contratou o prefixado a 10% ao ano.

Por isso, para ter rentabilidade em qualquer cenário econômico, a recomendação é que o investidor tenha um mix equilibrado de aplicações: algumas prefixadas, outras pós-fixadas, outras atreladas à inflação, ao dólar, à bolsa de valores e assim por diante.  Ao diversificar os investimentos, podemos reduzir riscos e maximizar ganhos em diferentes mercados e cenários econômicos.

# FICA A DICA: não é preciso ter muito dinheiro para diversificar a sua carteira. Mesmo com poucos recursos, é possível escolher aplicações diferentes. Para isso, é essencial conhecer algumas regras básicas para começar.

Regras básicas para a diversificação dos investimentos

caminhos para diversificar os investimentos

Conhecer as principais regras que podem ajudar a diversificar seus investimentos de maneira eficaz é muito importante. 

O primeiro passo é conhecer seu estilo como investidor e, depois, equilibrar risco e retorno, sem fazer movimentos bruscos de migração do dinheiro. Investidores profissionais, que são profundos conhecedores do mercado, fazem isso, assumindo o risco de perdas financeiras caso determinada estratégia não dê certo. Para quem não tem habilidades e conhecimentos para análises aprofundadas, a sugestão é ir devagar. Veja, a seguir, outras dicas.

Conheça seu perfil de investidor

Não adianta criar uma carteira diversificada se você perde o sono toda vez que tem perdas financeiras. Antes de definir a diversificação ideal para seus investimentos, entenda qual é sua tolerância a risco, seus objetivos financeiros, seu horizonte de investimentos e seu momento de vida. 

Uma pessoa jovem tem mais tempo para recuperar perdas do que alguém mais maduro - por mais agressivo que seja esse investidor, ele deve evitar expor seu capital a riscos muito severos. Por isso, antes de tudo, conheça seu perfil: Você é um investidor arrojado, moderado ou conservador?

Equilibre risco e retorno

Respeitando seu perfil de investidor, combine investimentos de baixo risco com investimentos de maior risco para criar um equilíbrio que atenda a seus objetivos financeiros.

Invista em diferentes classes de ativos

Distribua seu capital entre títulos de renda fixa, ações, imóveis, fundos de investimento, fundos imobiliários e moedas. Cada classe de ativo reage de forma diferente às mudanças no mercado.

Diversifique dentro de cada classe de ativo

Nos títulos de renda fixa, por exemplo, inclua tanto títulos públicos quanto privados, de curto e longo prazo, prefixados, pós-fixados e atrelados à inflação. Dentro das ações, invista em empresas de diferentes setores, tamanhos e regiões geográficas. 

Evite a superexposição

Não coloque uma parte desproporcional do seu portfólio em um único ativo ou setor, mesmo que ele pareça muito promissor. Ao fazer isso, você poderá correr um elevado risco de perdas financeiras substanciais.

Considere produtos de investimento diversificados

Para quem está começando a diversificar a carteira com renda variável, uma boa opção são os fundos de investimentos de ações, multimercados ou ETFs, que são naturalmente diversificados, pois investem em uma cesta de ativos. Entenda: o que são e como funcionam os ETF’s

A dica também vale para a renda fixa: nesse caso, os fundos agregam diferentes produtos que balanceiam naturalmente a carteira, protegendo-a de oscilações bruscas.

Revise e faça, regularmente, um rebalanceamento de sua carteira

Revise seu portfólio regularmente e faça ajustes conforme necessário para manter a alocação de ativos desejada. Mudanças no mercado ou na sua situação pessoal podem exigir ajustes na sua estratégia.

Eduque-se continuamente

Mantenha-se informado sobre tendências de mercado e novas oportunidades de investimento para ajustar sua diversificação conforme necessário. Além dos conteúdos que você encontra aqui no portal Meu Bolso em Dia, há outros canais com informação segura e confiável que trazem conteúdos específicos para investidores (ver a lista no final do texto).

O que levar em conta na hora de escolher seus investimentos

Estudar continuamente sobre investimentos é essencial para aumentar as chances de uma boa diversificação

Antes de definir os ativos adequados para montar sua carteira de investimentos, é fundamental entender quais são os seus objetivos pessoais, por quanto tempo o dinheiro poderá ficar investido e qual o seu grau de tolerância a riscos. 

Entenda seus objetivos

Qual será o destino do dinheiro? É para montar sua reserva de emergência? Para realizar um objetivo com data certa como a compra da casa, a troca do carro, a viagem de formatura, o casamento? Ou para construir sua liberdade financeira? A escolha dos investimentos deve estar atrelada aos objetivos aos quais se destinam.

Para cada um deles, há um tipo de aplicação mais indicado (veja logo abaixo), para evitar riscos como precisar do dinheiro e não poder resgatar ou enfrentar oscilações que possam levar a perdas financeiras que comprometam a realização de seus sonhos. 

Entenda o prazo do investimento

Por quanto tempo o dinheiro ficará investido? Você precisa de disponibilidade para resgatar a qualquer momento, precisará do dinheiro daqui a dois anos ou somente em dez ou vinte anos? O prazo faz toda a diferença na hora de escolher cada ativo a ser incluído na sua carteira. Alguns investimentos têm maior liquidez, ou seja, podem ser resgatados imediatamente, outros têm vencimento mais adiante.

Entenda a sua tolerância ao risco

Quanto risco você topa assumir para obter maiores retornos? Se você não tolera nenhum nível de perda, deve se manter na renda fixa e buscar a diversificação dentro dessa classe de ativos. Se você está disposto a tomar mais risco em busca de maior rentabilidade e tem um horizonte de tempo razoável à frente, pode então distribuir uma parte de seus investimentos em renda variável, conforme seus objetivos e o prazo de cada aplicação.

Exemplos práticos de aplicações para cada objetivo

Reserva de emergência

O dinheiro para proteger você de sustos financeiros deve estar aplicado em investimentos seguros e com alto grau de liquidez, ou seja, disponíveis para resgate imediato, como Tesouro Selic, Fundos DI, CDBs com liquidez diária e contas digitais remuneradas. Confira: 3 investimentos para formar sua reserva de emergência.

Aquisição de bens e conquistas especiais

Os recursos para objetivos de médio prazo como dar entrada em um imóvel, trocar o carro, realizar uma viagem, a formatura ou o casamento devem estar em investimentos mais rentáveis e seguros, já que os planos não devem ser adiados pelas eventuais oscilações no mercado financeiro. 

Os investimentos em renda fixa, como CDBs, LCIs, LCAs, Fundos de Renda Fixa são indicados para esse tipo de objetivo. Escolha um prazo de investimento adequado. Se você planeja dar a entrada na casa daqui a cinco anos, por exemplo, o dinheiro pode ir para uma aplicação com vencimento próximo a essa data, que costuma oferecer melhores taxas do que as aplicações de curto ou médio prazos. 

Aposentadoria ou liberdade financeira

Já o dinheiro para objetivos de longo prazo, como acumular patrimônio para obter renda passiva na aposentadoria ou conquistar a independência financeira podem ter um pouco mais de risco e maiores retornos envolvidos. Os fundos multimercado, fundos de ações, ETFs e fundos imobiliários são exemplos de aplicações que podem apoiar a realização desse objetivo, sempre respeitando o perfil do investidor. Conheça: Primeiros passos para você investir em renda variável.

Onde buscar mais conhecimento sobre investimentos

O assunto está cada vez mais em alta nas redes sociais, mas é importante buscar fontes confiáveis de informação para não cair em golpes de investimentos milagrosos ou pirâmides que podem levar você a ser fraudado e perder dinheiro. Confira alguns canais de educação financeira para investidores nos quais você pode buscar informações sem receios. Vale conferir: Vai investir? Cuidado com quem promete milagres.

# B3 Educação: a plataforma da bolsa de valores brasileira contém diversos conteúdos educativos para investidores iniciantes, intermediários e profissionais: https://edu.b3.com.br/ 

# CVM: a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) oferece materiais educativos sobre o mercado de capitais e investimentos em seu site oficial: https://cursos.cvm.gov.br/login/index.php 

# Anbima: a plataforma educacional da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) oferece cursos gratuitos com certificado para quem deseja se aprofundar no mundo dos investimentos: https://cursos.anbima.com.br/pagina-inicial 

Banco Central – Cidadania Financeira: O site do Banco Central tem uma série de conteúdos voltados a diferentes situações financeiras. Para quem deseja começar a poupar e investir, basta acessar: https://www.bcb.gov.br/cidadaniafinanceira/poupar_investir