3 caminhos para planejar sua aposentadoria

Como construir sua tranquilidade financeira no futuro sem depender apenas da previdência oficial

como planejar sua aposentadoria - idosos aposentados
1 de junho de 2023 4 min. leitura

A cultura de poupar e se preparar para quando chegar a hora de parar de trabalhar não é tão comum entre os brasileiros. Segundo os dados de 2022 do Índice de Saúde Financeira do Brasileiro, quase 40% da população não tem segurança sobre o seu futuro financeiro. O problema vai além: 48,6% afirmam já sentir, hoje, algum nível de aperto financeiro e apenas 19,8% dizem que dariam conta de uma despesa inesperada grande que surgir pela frente.

A falta de reserva financeira, o desemprego e, também, a crença de que não vale a pena guardar o pouco que sobra no fim do mês comprometem o planejamento financeiro e a visão de futuro, fazendo com que os aposentados do amanhã tenham uma vida mais longa e um orçamento mais apertado. 

Isso porque a expectativa de vida tem aumentado ano após ano no Brasil, mas os recursos poupados para a aposentadoria permanecem baixos. E com as mudanças da reforma previdenciária, a tendência é alongar cada vez mais o tempo de trabalho e reduzir o valor do benefício. 

A boa notícia é que, guardando um pouquinho por mês em uma ou mais aplicações, é possível construir uma aposentadoria tranquila, sem depender somente da Previdência Social. Para apoiar você nesse desafio, listamos, três caminhos para planejar sua tranquilidade financeira no futuro.

Como se preparar para ter uma aposentadoria tranquila

#1. Plano de aposentadoria complementar: o que é Previdência privada ou complementar

Esta é a maneira mais conhecida de investir recursos pensando em complementar o benefício da aposentadoria oficial. É possível contratar um plano de previdência complementar por meio de bancos ou seguradoras autorizadas pela SUSEP (Superintendência Nacional de Seguros Privados).

Após contratar o plano, o segurado faz depósitos mensais ao longo do tempo definido pelo contrato. Ao final do prazo, ele poderá escolher entre realizar o resgate do valor total acumulado mais o rendimento obtido ou solicitar o recebimento de uma renda mensal, conforme a cobertura, o plano e o regime tributário escolhidos. 

Uma das grandes vantagens da previdência complementar é que, no caso de falecimento do participante, os recursos não entram no inventário e são direcionados para os herdeiros automaticamente, sem burocracia. 

Os planos de previdência privada possuem muitas características que precisam ser analisadas pelo contratante de forma muito minuciosa, a fim de garantir que suas expectativas serão atendidas no futuro. Veja, a seguir, as dicas para fazer sua escolha. 

Que tipo de cobertura escolher?

 Há várias modalidades de resgate: o benefício por ser na forma de pagamento único, de renda mensal temporária, ou seja, por um prazo contratado, ou como renda mensal vitalícia,  ao longo de toda sua vida, reversível ou não ao cônjuge ou um beneficiário indicado por ele.

Impostos: tributação progressiva ou regressiva?

Como a previdência é um tipo de investimento com incidência de imposto de renda, escolher o regime certo é essencial para que não haja perdas significativas no momento do resgate dos valores. A tributação pode ocorrer de forma progressiva ou regressiva. 

Na tributação progressiva, as alíquotas aumentam progressivamente, conforme a faixa de resgate ou renda. Ou seja, quanto maior for o valor da retirada, maior será a porcentagem a se pagar sobre imposto de renda. Essa opção é indicada para quem pretende fazer retiradas ou manter uma renda com valores referentes às menores alíquotas de impostos. Pela tabela atual (junho/2023), se o valor mensal resgatado estiver abaixo de R$ 2.112, o participante do plano estará isento de IR.

Já no regime regressivo, o que define a faixa de desconto não são os valores, mas sim o tempo em que o plano está vigente. Nesse caso, quanto mais tempo o beneficiário demorar para fazer suas retiradas, menor será o imposto devido. É indicada para quem começa cedo, pois após 10 anos de contribuição, a alíquota será de 10% sobre o valor definido pelo tipo de plano.

PGBL ou VGBL?

Os dois tipos de planos mais conhecidos são o PGBL ou o VGBL. Entre as diferenças, o que mais afeta o bolso do consumidor, novamente, é a forma como os recursos serão tributados na retirada. 

O PGBL é indicado para quem faz a declaração completa do IR, já que permite que você pague menos imposto de renda durante o período de contribuições. Isso porque ele conta com a possibilidade de abater até 12% da base de cálculo do IR a ser pago anualmente. Porém, no momento do resgate, o IR será descontado sobre o valor total do benefício.

Já o VGBL é indicado para quem faz a declaração simplificada do IR. Ao longo do período de acumulação, não há benefício fiscal, ou seja, não é possível descontar do IR devido, porém na hora do resgate, o IR será descontado somente sobre o rendimento obtido.

Além dessas variáveis, é importante levar em conta a taxa de administração, carregamento e a rentabilidade esperada do plano escolhido. Todas essas informações devem ser consultadas junto à instituição financeira antes de assinar o contrato. Por ser um produto que envolve o levantamento de várias informações na hora da contratação, o plano de previdência complementar é considerado uma das escolhas financeiras mais complexas do mercado. É importante pesquisar e avaliar bem antes de tomar sua decisão. Confira mais sobre esse assunto na matéria Previdência Social e Previdência Privada Complementar.

Caminhos para aproveitar a previdência com tranquilidade

#2 Fundos imobiliários

É comum pensar em imóveis quando se deseja um investimento para complementar a renda no futuro e, de fato, receber aluguéis pode ser uma ótima possibilidade de garantir sua aposentadoria. Entretanto, são poucas as pessoas que possuem dinheiro para adquirir uma casa ou apartamento apenas para investir. É aí que entram os fundos imobiliários, uma maneira de investir em imóveis sem precisar lidar com alguns dos transtornos, como falta de pagamento de aluguéis, gastos com melhorias, dificuldade de encontrar inquilinos, entre outros.

Os fundos imobiliários são um tipo de fundo de investimento no qual o comprador se torna sócio de imóveis como galpões logísticos, lajes corporativas, shopping centers, agências bancárias, hospitais, universidades, hotéis e imóveis residenciais. Assim, ele recebe uma parcela dos aluguéis ou do lucro sobre as construções desses bens.

Uma das maiores vantagens desse tipo de investimento é a liquidez, ou seja, a facilidade de converter as cotas em dinheiro se a situação apertar, ao contrário dos imóveis em geral que podem levar meses ou anos para serem vendidos. Outro ponto positivo é que os rendimentos dos fundos imobiliários são pagos mensalmente, todo dia 15, gerando renda mensal para o cotista, que pode ser reinvestida em novas cotas ou utilizada como ele preferir. Atualmente, esses rendimentos são isentos de imposto de renda.

Para comprar fundos imobiliários, também conhecidos como FII’s, é preciso abrir uma conta em uma corretora de valores e na B3, já que as cotas são comercializadas pela bolsa de valores. Existem cotas dos mais variados valores, desde centavos até milhares de reais. No site da B3, você pode conferir mais detalhes sobre esse produto. 

#3 Tesouro RendA+

Um dos desafios de quem busca investimentos de longo prazo é proteger o seu poder de compra da inflação acumulada ao longo do tempo. Imagine uma taxa de inflação de 4% ao ano. Ela pode até parecer baixa, mas se for acumulada por 20 anos, representará 1.124% ao final do período. 

Isso significa que um produto comprado por R$ 100 irá custar R$ 1.224 em duas décadas. Se o investimento para aposentadoria não acompanhar a inflação, poderá ficar para trás dos preços dos produtos e na hora de se aposentar, mesmo que tenha acumulado um valor significativo, ele não será suficiente para custear seus gastos mensais.

Por isso, uma alternativa para quem deseja investir recursos pensando em se aposentar mantendo seu poder de compra é buscar uma aplicação com rentabilidade atrelada à taxa de juros, como o Tesouro RendA+. Esse título do Tesouro Direto preenche esse requisito, oferecendo uma rentabilidade lastreada no IPCA, ou seja, à taxa oficial de inflação do mercado brasileiro.

A ideia deste tipo de investimento é a mesma dos planos de previdência privada. A pessoa investe um pouquinho por mês e vai formando uma reserva para receber um benefício mensal no futuro. Atualmente, o Tesouro RendA+ conta com oito datas de vencimento: 2030, 2035, 2040, 2045, 2050, 2055, 2060 e 2065. Desta forma, você pode adquirir o título com a data mais próxima do momento em que deseja se aposentar.

O Tesouro RendA+ é tributado pelo IR de forma regressiva, conforme o tempo em que o dinheiro ficará aplicado (180 dias a mais de 721 dias). A taxa máxima é de 22,5%, e vai reduzindo até chegar em seu valor mínimo, de 15%, descontada no momento do resgate. A grande novidade está na taxa de custódia, que pode ser zerada no Tesouro RendA+ se você mantiver os investimentos até o vencimento e não ultrapassar o valor de seis salários mínimos por resgate mensal.

Para investir no Tesouro RendAa+, é preciso abrir uma conta em corretora autorizada pelo Tesouro Nacional, porém muitos bancos já oferecem este serviço diretamente em seus sites e aplicativos. Saiba mais na matéria Hora de Investir? Conheça o Tesouro Direto.

Seja qual for a opção escolhida por você, o importante é começar já a planejar e separar recursos para investir em sua aposentadoria e assim, garantir sua tranquilidade no futuro. 

Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe as novidades aqui no portal Meu Bolso em Dia!

---

Matéria publicada em 9 de agosto de 2021 e atualizada em 1 de junho de 2023

ESSE ARTIGO FOI ÚTIL?

CONTEÚDO RELACIONADO

Poupar e Investir
4 min. leitura
Organizar as finanças
5 min. leitura