Fechei o mês no vermelho, e agora, o que fazer?

A situação não está fácil para ninguém. A inflação vem corroendo o poder de compra dos brasileiros nos últimos anos e muitas famílias ainda vivem os efeitos do desemprego e da perda de renda trazidos pela pandemia. Nesse cenário tão desafiador, é natural entrar no vermelho um mês ou outro. A questão é quando isso acontece com frequência.

O risco, nesse caso, é os juros sobre as faturas atrasadas criarem aquele famoso efeito bola de neve que pode levar ao superendividamento. Por isso, a dica é não protelar e adotar rapidamente algumas medidas para pôr a vida em ordem. Confira a seguir alguns passos para evitar perder o controle das dívidas e retomar o equilíbrio financeiro.

Coloque as contas no papel

Com um pouco de organização, você reduz as chances de ser pego de surpresa com gastos assumidos e já esquecidos e ganha um maior controle sobre sua vida financeira. Sabendo exatamente quanto tem para receber e quanto deve, você terá mais clareza para fazer suas próximas escolhas.

Por isso, anote tudo. Pode ser em um caderno, no celular ou no computador. Comece marcando as entradas previstas para os próximos três meses - salário, aposentadoria, dinheiro extra, aluguéis e outras, se tiver. Depois, anote todos os gastos, as parcelas já contratadas e as dívidas a serem pagas também nos próximos três meses. Em seguida, faça a subtração das entradas e saídas, mês a mês, para ter uma ideia do seu saldo.

Para ajudar você nessa tarefa, você pode baixar a nossa planilha familiar simplificada, uma tabela com os gastos mais comuns da família brasileira para você prever e controlar os ganhos e os gastos da casa. Se você já tem mais familiaridade com planilhas, baixe o controle orçamentário pessoal e familiar, a nossa planilha mais completa, com tudo o que você precisa para cuidar de suas finanças sem deixar escapar nada.

Negocie com os credores o mais rápido possível

Na hora de fazer o controle das contas, dê atenção especial aos boletos em atraso, principalmente os de aluguel ou prestação da casa, água e energia, que, se não forem pagos, podem comprometer sua sobrevivência.  O rotativo do cartão e o limite do cheque especial são os segundos da fila, pois têm as taxas de juros mais altas e podem crescer muito rapidamente se não forem quitados.

Assim que tiver todas as dívidas mapeadas, defina um plano de pagamento e procure os credores para negociar. Não demore nessa etapa, pois cada dia de atraso gera mais juros e multa, causando um descontrole ainda pior. 

Os mutirões de negociação costumam oferecer bons descontos no pagamento, mas caso não tenha um acontecendo no momento, não espere: procure direto o banco ou empresa para quem você deve e negocie parcelas que caibam no seu bolso. Os credores estão sempre abertos à negociação.

Comece uma aplicação programada

Assim que regularizar as pendências, a prioridade é evitar cair de novo no vermelho. Para isso, programe uma aplicação mensal que garanta o envio de pelo menos um pouco de dinheiro todo mês para sua reserva de emergências. Não espere sobrar dinheiro para fazer isso. Considere sua aplicação como um gasto a ser feito no mês assim que receber seu pagamento.  

A ideia é montar um “colchão” para amortecer os impactos de imprevistos que acontecem na vida e impedir que você assuma novas dívidas. A vantagem de programar a aplicação, é que você só precisa pensar nisso uma vez e o banco faz o resto. Entenda o que é investimento programado e comece já.

Defina metas alcançáveis

Para se manter equilibrado e evitar as tentações ao longo do ano, é fundamental ter metas claras que sejam possíveis de serem alcançadas. Estabeleça o valor que deseja poupar até o final do ano e mantenha o foco para realizar esse objetivo. Lembre-se: quem não tem sonhos, não chega a lugar algum.

Por isso, escreva suas metas em um papel ou agenda, coloque um valor financeiro para cada uma dessas metas e acompanhe cada passo dado até alcançar seu objetivo. Essa prática irá blindar você de gastar com o que não é prioridade. Confira algumas lições de poupadores que começaram do zero e mãos à obra!

Dicas práticas para não voltar a perder o controle

Se você já conseguiu negociar dívidas de cartão ou quitar algum empréstimo, deve ter aprendido sobre a importância de usar essas ferramentas financeiras com muita consciência e planejamento.

Ter acesso ao crédito é muito saudável para realizar objetivos ou lidar com imprevistos, mas contratar muitos empréstimos ou limites sem fazer contas pode ter um efeito muito desagradável. Por isso, faça essas 8 perguntas a si mesmo antes de tomar crédito e garanta que você está usando os produtos e serviços financeiros a seu favor.

# Para quê vou usar esse crédito? Pense bem sobre o objetivo que deseja realizar e evite usar seu limite e depois ficar sem recursos para realizar o que mais importa.

# Esta é a melhor opção de crédito para esse objetivo? Assim como há uma ferramenta certa para cada situação, há um crédito certo para cada objetivo. Pesquise opções e compare condições de diferentes instituições financeiras antes de decidir.

# Minha família sabe e concorda com essa decisão? É essencial compartilhar suas decisões financeiras com os familiares, que serão os principais afetados pelas consequências do crédito a longo prazo e seus reflexos no orçamento.

# Preciso agora ou posso esperar e comprar à vista? Em certos casos, a melhor medida é segurar a ansiedade e poupar um pouco por mês até obter o valor necessário. Com dinheiro na mão, você pode obter bons descontos nas compras à vista.

# Quanto pagarei a mais no final do período? Faça sempre os cálculos e avalie se o objetivo a ser atingido compensa o preço que você pagará pelo dinheiro que está tomando emprestado.

# Quanto da minha renda mensal será comprometida? Lembre-se que, ao assumir parcelas novas, é preciso abrir mão de algo. Se hoje você não tiver folga no orçamento, o pagamento das novas parcelas deixará você apertado. Faça as contas!

# Por quanto tempo terei que honrar esse compromisso? Quanto mais longo o período de contratação de um crédito, mais vulnerável a imprevistos no caminho, como uma doença, a perda de um emprego na família, um reparo na casa, entre outros.

# Se ocorrer algum imprevisto no meio do caminho, que alternativas eu tenho para manter as contas em dia? Sempre que for contratar um crédito, pense em um plano B, caso haja imprevistos. Isso ajudará você a tomar ações rápidas se necessário.

Com essas reflexões, você pode usar o crédito a seu favor e evita entrar em ciladas novamente.