12 perguntas e respostas sobre como quitar suas dívidas

Tudo o que você precisa saber para pôr sua vida financeira em ordem e confira nosso conteúdo bônus sobre o que acontece com as dívidas de pessoas falecidas na pandemia

como saber se estou endividado com dicas para sair das dívidas
18 de maio de 2022 12 min. leitura

1. Quando ter dívidas começa a ser um problema?

Ao financiar a casa própria ou um automóvel que usa para trabalhar ou, ainda, ao contratar um empréstimo para fazer uma reforma no quintal, você está assumindo uma dívida. Mas isso, definitivamente, não é um problema. As pessoas, em geral, recorrem ao crédito para conseguir realizar projetos ou construir um patrimônio. E isso é bom para os indivíduos e para a sociedade, pois gera riquezas.

A questão é saber usar essa possibilidade com inteligência e a favor da prosperidade. Antes de contratar qualquer dívida, é preciso saber se as parcelas cabem no bolso. Sempre considerando que podem ocorrer imprevistos, como a perda do emprego, doença ou morte de um familiar que contribui com a renda. Quando isso não é levado em conta, qualquer situação inesperada pode ser um gatilho para a perda de controle das finanças.

Por isso, é bom ficar atento a alguns sinais de alerta. Se num determinado mês falta dinheiro para pagar uma prestação e você entra no cheque especial ou precisa parcelar a fatura do cartão de crédito, fique de olho. Essa situação deve ser resolvida rapidamente, caso contrário, os juros acabam elevando a dívida rapidamente. Além de ter uma folga para imprevistos, o ideal é que a soma de todas as parcelas dos empréstimos e financiamentos não ultrapasse 30% da renda líquida mensal. Acima desse percentual, o risco de superendividamento começa a aumentar.

como calcular suas dívidas passo a passo

2. Será que estou superendividado?

O superendividamento é aquela situação em que as dívidas de uma pessoa a impedem de suprir suas necessidades básicas individuais e familiares, como alimentação, moradia, transporte, saúde e pagamento das contas de consumo (gás, água e energia).

Para ser considerado superendividado, o indivíduo não precisa, necessariamente, estar com o nome negativado. Muitas pessoas fazem malabarismos, como o rodízio no pagamento de determinadas contas para evitar o corte de serviços ou a inclusão do nome na lista de inadimplentes. Um mês quita a conta de luz, no outro, a de água. E por aí vai. Mas acabam ficando com a vida cada vez mais enrolada. Outros precisam recorrer com frequência à ajuda de familiares para pagar contas. Veja como sair dessa situação: Prepare-se para viver sem dívidas.

3. É vantajoso fazer uma dívida para pagar outra?

Essa pode ser uma alternativa, de fato, se você está usando o rotativo do cartão ou o cheque especial por algum tempo. Como os juros desses produtos são bastante elevados, contratar um empréstimo mais em conta para quitar um mais caro pode ser vantajoso, principalmente, se você tiver acesso ao crédito consignado ou conseguir negociar taxas mais atrativas no empréstimo pessoal. Converse com seu gerente. Veja algumas perguntas que você pode fazer a ele lendo a matéria “Perguntar não ofende”.




4 - Vou receber um dinheiro extra. Vale mais a pena investir ou pagar dívidas?

Em abril de 2021, as taxas de juros do rotativo do cartão de crédito podiam chegar a até 20,59% ao mês, segundo o Banco Central. Por outro lado, o rendimento das aplicações financeiras mais comuns, como a poupança, o CDB e fundos de investimentos, foram infinitamente mais baixos. As aplicações atreladas ao CDI, como o CDB e as Letras de Câmbio, por exemplo, renderam 0,21% no mês.

Portanto, a dica é aproveitar a entrada de dinheiro extra para quitar logo a dívida no cartão, evitando comprometer parte do orçamento com o pagamento de juros. Livrando-se da dívida mais pesada, comece a planejar uma aplicação mensal, mesmo que o valor seja pequeno. Neste vídeo, a Dra. Vera Rita de Mello Ferreira dá dicas valiosas para fazer um pé de meia.

5. Devo vender meus bens para pagar dívidas?

Essa pode ser, sim, uma alternativa para sair das dívidas. Se você tem um carro, por exemplo, vendê-lo para quitar um empréstimo, incluindo aí o rotativo do cartão e o cheque especial, pode ser duplamente vantajoso.

Você pode conseguir um desconto para liquidar o que deve, interrompendo o pagamento de juros e o crescimento do saldo negativo. E ainda fazer uma boa economia com combustível, estacionamento, seguro, IPVA e a depreciação do automóvel. Essas despesas, juntas, podem chegar a um terço do valor do carro a cada ano. Se você tem um carro de R$30 mil, poderá deixar de gastar cerca de R$9 mil por ano com ele.

6. O que é a liquidação antecipada de dívidas?

É a possibilidade de efetuar o pagamento parcial ou total de um empréstimo ou financiamento antes do prazo e ter um desconto nos juros que incidem sobre o valor total do contrato. Se você contratou um crédito em dez parcelas e em três meses consegue o recurso para quitar, terá direito à redução proporcional de juros sobre as parcelas que antecipar. Esse direito é assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor. Leia: vale a pena pagar antes?

organizando as dívidas, boletos e despesas para quitar suas dívidas de forma organizada

7. Como é calculado o desconto por antecipação de pagamento?

O cálculo do desconto funciona assim: o saldo devedor é trazido a valor presente, ou seja, são descontados os juros que iriam incidir no futuro se você continuasse pagando as parcelas. Como você está antecipando o pagamento, a instituição não pode cobrar juros futuros por essa dívida.

As empresas devem informar, sempre que você pedir, o saldo devedor e os cálculos dos descontos, de maneira simples e clara, para que você possa fazer a conferência. Você também pode efetuar suas contas usando a calculadora de quitação antecipada de empréstimos e financiamentos disponibilizada pelo Ministério Público de Santa Catarina. Clique aqui para acessar.

8. É cobrada tarifa pela liquidação antecipada?

O Banco Central proíbe a cobrança de tarifa de liquidação antecipada quando o empréstimo ou financiamento tiver sido contratado por pessoas físicas, microempreendedores individuais ou empresas de pequeno porte. Para empresas de médio e grande porte, a cobrança é permitida, desde que esteja prevista no contrato.

9. Dá pra conseguir desconto em dívidas de cheque especial?

Geralmente, as instituições financeiras têm áreas especializadas em negociação de dívidas e oferecem propostas de parcelamentos com juros mais baixos a seus consumidores. O importante é procurar ajuda na instituição o quanto antes, sem deixar que a dívida cresça exorbitantemente por conta dos juros. Caso a instituição se recuse a negociar, o cliente pode pedir ajuda ao Procon ou demais órgãos de defesa do consumidor para chegar a um acordo.

10. É verdade que a dívida caduca depois de alguns anos?

O Código Civil estabelece um prazo máximo de dez anos para a cobrança de dívidas. Após este período, o credor não poderá mais entrar com um processo na justiça para exigir o pagamento. A maioria das contas, como boletos, água, luz e telefone, prescrevem em cinco anos. Para aluguéis, o prazo é de três anos.

Após a prescrição, o nome do consumidor deve ser retirado dos cadastros de inadimplentes, como Serasa e SPC. O fato da dívida prescrever, contudo, não significa que ela não deva ser paga. A dívida continuará em aberto com o credor; deixará apenas de estar visível para outras empresas.

Se precisar tomar um novo crédito na mesma instituição, por exemplo, ela terá seu histórico e, muito provavelmente, recusará o empréstimo até que o saldo seja regularizado. Além disso, ficar com o nome negativado por cinco anos pode causar muitos transtornos para a pessoa e a família.

11. Tentei negociar o pagamento da dívida com o credor, mas não consegui. O que posso fazer?

Há, em todo o Brasil, uma série de instituições que prestam orientação, dão treinamentos, intermediam acordos com os credores, prestam assessoria jurídica e, em alguns casos, dão apoio psicológico aos consumidores superendividados. Tudo de graça. Conheça as principais delas e veja como acessá-las: Onde buscar apoio para sair das dívidas.

12. E se eu fizer uma renegociação e não conseguir pagar as parcelas?

Antes de partir para a negociação, coloque seus gastos e entradas de dinheiro no papel e converse com a família para descobrir despesas que podem ser enxugadas por um determinado período, para sobrar dinheiro para pagar a dívida.

Conhecendo o valor que poderá dispor, defina um limite para negociar e não assuma compromissos com os quais não possa arcar. Se for o caso, negocie um desconto nos juros ou um prazo maior para pagar. Feita a negociação, quite as parcelas sempre em dia, pois uma nova renegociação poderá ser bem mais complicada.

Conteúdo bônus: O que acontece com as dívidas de pessoas falecidas na pandemia?

A pandemia tem afetado as famílias tragicamente, com a perda de familiares. Nessas situações, além da tristeza e do luto, muitas vezes é preciso lidar com as questões financeiras de entes queridos. Inclusive com o endividamento de pessoas vítimas do Covid-19.

As dívidas permanecem após a morte da pessoa?

Quando alguém perde a vida, em decorrência da pandemia ou não, todas as dívidas permanecem após a morte. As dívidas devem ser pagas com aquilo que o falecido deixou. Havendo herança, o espólio (conjunto de bens da pessoa falecida) tem que arcar com as dívidas, sendo que o valor é deduzido do total a ser recebido pelos herdeiros.

Como fica o inventário diante das dívidas de uma pessoa falecida

Caso o falecido não tenha nenhum bem, a dívida não pode ir para os herdeiros. Porém, para comprovar isso, é necessário realizar um inventário. O inventário é obrigatório, mesmo quando não há bens. Nesse caso, realiza-se o chamado inventário negativo, que indica que quem morreu não deixou bens.

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Matéria originalmente publicada em 08/08/2020 e atualizada em 19/05/2021

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