Comportamento dos adultos pode influenciar a educação financeira das crianças

14 atitudes comuns dentro de casa que podem impactar positiva ou negativamente a saúde financeira das crianças na vida adulta.

comportamento dos adultos afetam a educação financeira de crianças
3 de outubro de 2024 5 min. leitura

“Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros, é a única”. A frase do filósofo alemão Albert Schweitzer reforça a importância de agirmos em nosso dia a dia de forma coerente com as lições que tentamos ensinar às crianças. De fato, os pequenos espelham nossos comportamentos, tanto positivos quanto negativos.

Quando olhamos para a relação com o dinheiro, não é diferente. Muitos dos aprendizados sobre como lidar com esse recurso em diferentes momentos da vida são conquistados dentro de casa, desde a primeira infância, observando o que fazem as pessoas que nos cercam. 

Pensando nisso, listamos nesta matéria 7 atitudes benéficas e 7 equivocadas dos adultos que podem influenciar a vida financeira das crianças no futuro.

7 exemplos de atitudes que ajudam a educar financeiramente as crianças

atitudes que educam financeiramente as crianças

Se o exemplo é a melhor forma de ensinar, a maneira como pais e tutores lidam com o consumo e o dinheiro inspira comportamentos das crianças. Veja algumas situações que geram boas lições de educação financeira. 

1. PLANEJAR AS COMPRAS

A criança que observa os pais no planejamento de suas compras tende a imitar esse estilo de vida, adotando o planejamento financeiro e de tarefas como um hábito para si também. Faça lista de compras e, quando estiver com a criança no mercado, procure se manter fiel à lista e ao planejamento realizado. Você pode, também, envolver a criança no momento das compras, explicando sobre como comparar preços, fazer substituições caso seja necessário e, também, como economizar optando pelos alimentos da estação.

2. CONVERSAR COM A FAMÍLIA SOBRE DINHEIRO

O hábito de conversar em família sobre as contas da casa, definir os sonhos e traçar juntos estratégias para realizá-los ensina à criança a importância de discutir esse assunto abertamente, sem transformá-lo em um tabu ou criar uma imagem de que o dinheiro é sinônimo de brigas e conflitos. O tema deve estar inserido na rotina da família e tratado com calma e tranquilidade.

3. PASSEAR FORA DOS CENTROS DE COMPRAS

Quando os passeios feitos em família se resumem a idas ao shopping center, as crianças associam o lazer e a diversão em família ao consumo. Ao passear com a família em lugares livres das tentações de consumo, como um picnic no parque, uma volta de bicicleta ou uma brincadeira ao ar livre, as crianças percebem de forma mais efetiva o afeto da família, sem a necessidade de comprar para se sentirem amadas. 

Além de ensinar que dinheiro não é tudo, conectar as crianças com a natureza traz uma série de benefícios, como o desenvolvimento de habilidades motoras e da consciência corporal, o senso de pertencimento e de apropriação do espaço público.

4. COZINHAR EM FAMÍLIA

cozinhar em casa com a criança ensina muito sobre economia

Em vez de recorrer regularmente ao delivery de comida pronta, o hábito de preparar as refeições em casa, com a família, é um exemplo e tanto e ensina várias lições às crianças. Da importância da alimentação saudável à redução do desperdício de embalagens, passando pela economia que podemos fazer com a preparação das próprias refeições. 

Convidar a criança a participar desse processo é uma lição saudável, gostosa e econômica. Veja nossas dicas de canais de receitas dedicadas aos pequenos e, também, orientações para transformar a cozinha em um espaço de diversão e economia.

5. DEFINIR METAS E CELEBRÁ-LAS

Quando trabalhamos juntos para realizar um sonho e celebramos a conquista, a criança descobre que o esforço de todos vale a pena. Estabeleça uma meta de economia para a conta de energia, por exemplo, e quando esta for alcançada, convide a família para um passeio ou faça um jantar especial, reconhecendo a participação de todos na realização desse objetivo. 

Se a ideia for economizar dinheiro para um objetivo da família, conheça nosso simulador de sonhos. Com ele, você vai entender quanto precisa guardar por mês para realizar seu projeto em determinado tempo.

6. SEPARAR ROUPAS E OBJETOS PARA DOAR

Adultos que têm o hábito de fazer uma limpeza regular no armário, separando roupas e objetos que estão em bom estado, mas que não são mais utilizados, transmitem várias lições importantes para as crianças. Esse gesto, aparentemente simples, ensina muito sobre organização, consumo consciente e solidariedade. 

Então, que tal aproveitar um fim de semana ou férias para sentar junto com a criança e olhar brinquedos e roupas que estão esquecidos no fundo da gaveta? Ao desapegar, os pais ensinam que não precisamos acumular objetos desnecessários e estimulam a economia circular.

7. CUIDAR BEM DO QUE SE TEM

Pais que cuidam bem dos bens que possuem, como a casa, o carro, o celular  e outros itens pessoais, ensinam aos filhos uma importante lição sobre responsabilidade e valorização do que foi conquistado. Esse comportamento transmite que preservar o que se tem é uma forma de evitar gastos desnecessários com consertos ou substituições, além de reforçar o senso de gratidão e respeito pelo esforço que foi necessário para adquirir esses bens.

7 exemplos de atitudes que deseducam financeiramente as crianças

Educação financeira das crianças

Assim como bons hábitos dos adultos podem ajudar a criança a construir uma boa relação com o dinheiro, algumas atitudes podem ter o efeito oposto. Por isso, a dica é atentar também para o que NÃO deve ser feito dentro de casa. 

1. DESPERDIÇAR RECURSOS

Você joga comida fora, toma banhos demorados e deixa todas as luzes acesas quando anda pela casa? Esse hábito tem tudo para ser copiado pelos seus filhos desde já, comprometendo o orçamento da família hoje e o bolso deles amanhã, além de afetar também toda a sociedade que depende desses recursos. Seja racional e pratique o consumo consciente.

2. DESCARTAR OU PERDER MOEDAS

Cada moedinha vale dinheiro e deve ser valorizada. Se você não dá valor a pequenas quantias, pode estar ensinando o mesmo a seus filhos. Como geralmente o único dinheiro que as crianças têm acesso são exatamente as moedas, a mensagem que você passa é de que o dinheiro não tem valor. Compre ou faça um cofrinho e mostre para as crianças que “de grão em grão”, podemos chegar longe.

3. COMPRAR POR IMPULSO

Quando a criança vê o adulto gastando sem limites, é natural que ela tenda a imitar seu comportamento, tornando-se também uma consumidora compulsiva. Ter consciência, pesquisar preços e analisar muito bem antes de comprar algo na frente da criança é uma forma de ajudá-las a evitar o descontrole financeiro no futuro.

4. ENCHER A CRIANÇA DE MIMOS

mimar demais as crianças pode deseducar financeiramente

Às vezes, a culpa de ficar o dia inteiro fora de casa faz o adulto querer compensar sua ausência com presentinhos, bugigangas ou mimos. Isso cria na criança o hábito de esperar sempre por algum “prêmio de consolação” e pode levá-la a se tornar indulgente consigo mesma no futuro, usando bens materiais para se compensar a cada frustração vivida. Procure presentear a criança em ocasiões especiais, para que ela valorize o esforço envolvido nesse gesto.

5. NÃO COLOCAR LIMITES

Saber falar não é essencial para ensinar à criança que ela não pode ter tudo na vida, afinal o dinheiro é um recurso finito. A criança que recebe tudo o que pede tende a se tornar “insaciável” e tem mais chances de estourar os limites do salário e do cartão de crédito quando começar a trabalhar. É fundamental estabelecer bem os limites sobre o que é possível comprar em determinado mês, o que pode ser postergado para conquistar algo melhor em outro momento e definir um horário certo para cada atividade, como estudar e brincar.

6. RECOMPENSAR TUDO COM DINHEIRO

Incentivar que a criança faça alguma atividade para conquistar o próprio dinheiro pode ser uma boa ideia, mas isso não pode se estender para suas obrigações. Arrumar a cama, lavar a louça, manter os brinquedos organizados, ou seja, as tarefas do dia a dia que são responsabilidade da criança não devem ser remuneradas, caso contrário, ela pode passar a acreditar que tudo deve ser recompensado financeiramente.

7. VALORIZAR O QUE CUSTA CARO

Ao fazer compras, você busca apenas pelos itens de marcas baladas? Esse comportamento pode passar às crianças a ideia de que o que é mais caro sempre é o melhor, ou que a posse de determinados itens define seu valor pessoal e seu status. Além de incentivar um pensamento consumista, esse hábito pode gerar competitividade entre os amiguinhos, com comparações sobre quem tem o celular mais novo, as roupas mais caras ou os brinquedos mais sofisticados. No lugar de comprar o que é de marca, mostre a importância de comparar preços, entender o custo benefício e o valor real das coisas.

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Matéria publicada em 6 de outubro de 2022 e atualizada em 3 de outubro  de 2024

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