Quer se tornar um nômade digital? Veja dicas de como se preparar

O que você precisa saber para trabalhar em qualquer lugar do mundo. Conheça os principais desafios e como se organizar financeiramente para eles

como se preparar para se tornar um nômade digital
21 de fevereiro de 2024 5 min. leitura

Conhecer novos lugares, viajar pelo mundo, ter experiências em diferentes culturas. Para a maioria das pessoas, essa é a descrição das férias perfeitas. Mas, para algumas, é a rotina do dia a dia de trabalho. Quem não precisa cumprir horário no emprego, tem um negócio próprio e flexibilidade para trabalhar em qualquer lugar tem o cenário perfeito para unir o prazer de viajar com a atividade de renda.

Essa já é a realidade de 35 milhões de pessoas ao redor do globo e a expectativa é que até 2035 mais de 1 bilhão adotem esse estilo de vida. São os chamados nômades digitais, que ganharam força a partir de 2020, quando a pandemia colocou os trabalhadores dentro de casa. Eles só precisam de um celular, notebook ou tablet e de uma boa conexão com a internet para exercer sua profissão e ganhar dinheiro vivendo em qualquer lugar do mundo.

Conectados e com seu dispositivo em mãos, os nômades digitais têm flexibilidade (e recurso financeiro) para  mudar de cidade ou até mesmo de país. Esse cenário foi impulsionado pelos avanços da tecnologia e pela melhor aceitação das empresas e do mercado quanto às novas formas de cumprir a jornada de trabalho.

Quer entender melhor se a vida de nômade digital é para você? A seguir, você conhece as vantagens e os desafios que poderá enfrentar, conferir os países que têm políticas especiais para receber esses profissionais e como se preparar financeiramente para adotar esse estilo de vida. 

Quem pode ser um nômade digital?

Qualquer pessoa que tenha uma profissão que possa ser realizada 100% pela internet e de forma remota pode se tornar um nômade digital. Em geral, são trabalhadores autônomos, empreendedores e freelancers, mas há muitos funcionários de empresas tradicionais que permitem a jornada remota. 

Profissões como design, redação, marketing digital, redes sociais, análise de dados, programação, desenvolvimento de sistemas, programação e outras áreas da tecnologia costumam ser as mais comuns entre os nômades digitais. Porém, com a popularização das ferramentas digitais e, em especial, as de comunicação instantânea (como o WhatsApp, Skype ou Google Meet), psicólogos, professores, instrutores e consultores têm adaptado seu trabalho para o universo online, quebrando as barreiras geográficas.

Vantagens e desvantagens de levar uma vida como nômade digital

 o que é um nômade digital e quais as vantagens e desafios

Quando falamos de nomadismo digital, a primeira coisa que pensamos é na vantagem de conhecer muitas culturas e países. Ao trabalhar e viajar pelo mundo, você pode aprender muito, treinar novas línguas e estimular sua criatividade a partir de novas experiências e relacionamentos. Além disso, vivencia aprendizados como autonomia, organização e comprometimento, tornando-se um profissional mais responsável.

Por não ter uma residência fixa, o nômade digital pode ter um custo de vida adequado à sua renda, escolhendo trabalhar em países com custo de vida mais elevado ou baixo. Mesmo assim, a imprevisibilidade faz parte da vida de quem decide assumir esse modo de vida, exigindo uma boa preparação financeira e emocional para enfrentar situações inesperadas.

Ser um nômade digital exige, assim, muita disciplina - e traz vários desafios. O primeiro deles é a solidão: não é fácil deixar para trás a família e amigos, assim como os laços que fez pelo caminho, e enfrentar um país novo onde você não tenha  vínculos afetivos. Além do aspecto emocional, a autodisciplina profissional pode ser desafiadora. Ao trabalhar remotamente, você é responsável por organizar sua rotina e entregas e fazer a gestão de seu tempo. Para muitas pessoas, criar e seguir um plano de trabalho sem procrastinar não é tarefa simples.

Dicas para se dar bem como um nômade digital

dicas para se tornar um nômade digital

Acha que a vida de nômade digital é para você? Veja nossas dicas e entenda como estar bem preparado para dar esse passo:

# 1 Planeje-se antes

De nada adianta colocar a mochila nas costas e sair pelo mundo sem, antes, se planejar. Se você é funcionário de uma empresa, é preciso conversar com o seu chefe e entender se as políticas da empresa permitem que você trabalhe remotamente e de qualquer lugar do globo. Para quem é autônomo, é importante se perguntar como você vai ganhar dinheiro no exterior ou, então, como vai manter os clientes que já possui, mesmo morando fora.

Essa também é a hora de pensar sobre os lugares onde pretende morar, levando em conta o custo de vida, como o fuso horário irá afetar seu trabalho, o acesso à internet, a estrutura necessária para realizar o seu trabalho e toda a documentação necessária para estar nos países escolhidos pelo tempo que desejar. 

Para um bom planejamento financeiro, pesquise quanto dinheiro você precisará ter para viver por alguns meses no local que irá residir, sem contar com o dinheiro que irá ganhar quando estiver por lá. Leve em conta os gastos com moradia, alimentação, transporte, internet e saúde (importante!). Tendo tudo na ponta do lápis, é hora de economizar e formar a sua reserva para se manter mesmo que tenha algum imprevisto com o trabalho.

Apesar de ter essa reserva, a dica é não gastar mais do que ganha. Assim, antes de se jogar na vida de nômade digital, faça uma estimativa, também, de quanto você irá receber por mês, para pagar todas as despesas. Com isso em mente, dá para pesquisar destinos e estilos de moradia adequados à sua realidade financeira.

# 2 Como formar a sua reserva financeira

Imprevistos podem acontecer a todo momento e, quando você se torna um nômade digital e não tem renda fixa, precisa formar um bom pé de meia para se segurar em situações inesperadas. Para isso, comece a guardar uma parte do seu salário em uma aplicação adequada à reserva de emergência, ou seja, de baixo risco e que possa ser sacada na hora que precisar. 

A recomendação é separar o dinheiro da viagem assim que ele entrar em sua conta, para não correr o risco de abandonar seu projeto depois que os gastos começarem a chegar. Programe-se para poupar o suficiente para se manter fora de sua cidade por pelo menos seis meses, garantindo sua tranquilidade caso algo dê errado.

# 3 Entenda os documentos necessários

Se o seu plano é morar e trabalhar em destinos nacionais, você não precisará de documentações específicas. Mas, se a sua intenção é viajar para o exterior, é preciso pesquisar as regras de cada país. Em alguns casos, tudo o que você irá precisar é de um passaporte. Em outros, é preciso ter um visto de viagem, comprovantes internacionais de vacinas e, ainda, um seguro de saúde. 

Se você pretende passar mais tempo do que o permitido para os turistas de cada país, pode ser necessário ter um visto específico para nômades digitais. Eles costumam valer por um período de seis meses a dois anos e podem ser solicitados por estrangeiros que desejam trabalhar remotamente. Vários países aceitam o visto de nômade digital, como o México, Tailândia, Croácia, Alemanha, Dubai, França, Portugal e Espanha. Cada um possui suas próprias exigências, mas no geral é necessário comprovar uma renda mensal mínima para poder acessar esse tipo de visto e ter um passaporte válido para ir e vir.

# 4 Abra uma conta global

Se você vai morar no exterior, ter uma conta global é a maneira mais prática de acessar e usar o dinheiro que irá receber de seus clientes ou de seu empregador, convertido em moeda local, em vários países. Ela nada mais é do que uma conta digital, mas que possui saldo em dólar, euro ou outra moeda. Os maiores brasileiros oferecem contas globais, que também podem ser acessadas em instituições como C6, Nomad e Wise. 

Elas podem ser abertas facilmente e de forma online, ainda no Brasil, e permitem tanto o saque de dinheiro na moeda local, quanto o uso do cartão em compras físicas ou online no exterior. Sua principal vantagem está na praticidade. Você pode transferir reais de sua conta brasileira para a conta global, formando um saldo que, quando desejado, pode ser convertido em moeda estrangeira por meio de uma operação de câmbio. O dinheiro costuma estar disponível em até um dia útil depois do pedido da operação.

# 5 Cancele contratos

Antes de viajar, faça uma varredura nos contratos de serviço que assina. Não vai viajar pelo mundo e continuar pagando a academia, internet, celular ou outras assinaturas que não fazem mais sentido para você, certo? Esses gastos, apesar de pequenos quando olhados individualmente, podem pesar bastante no bolso. Então é bom estar atento e garantir que tudo está organizado antes de viajar.

# 6 Crie uma rotina de trabalho

Apesar de estar viajando pelo mundo, a vida de um nômade digital não é um eterno clima de férias. Para se dar bem, é importante estabelecer uma rotina de trabalho que funcione para você, equilibrando as responsabilidades com o lazer. Assim, você se mantém organizado e, ainda, possui tempo para explorar e aproveitar a cultura local. 

Experimente ter um planejamento semanal, com metas e prazos de entrega, e mantenha-se firme nele. Essa é uma boa forma de treinar a autodisciplina. Se está trabalhando em um fuso horário diferente, organize também os horários das reuniões ou atendimentos, encontrando um período que funcione tanto para você, quanto para seu empregador ou cliente.

Lembre-se, ainda, de buscar um ambiente de trabalho que ajude na concentração e produtividade. Pode ser um cantinho reservado no quarto ou em uma cafeteria ou coworking, o que funcionar melhor para você.

# 7 Busque uma comunidade

Para trocar experiências, ideias, ter dicas sobre o país - como, por exemplo, sobre os melhores mercados ou acomodações econômicas - ou simplesmente compartilhar pensamentos sobre o estilo de vida nômade, conectar-se com outras pessoas que vivem da mesma maneira é muito importante, criando uma rede de apoio e oportunidades.

Como funcionam os impostos para um nômade digital

Se você é autônomo e deseja se tornar um nômade digital, o melhor caminho é se formalizar e abrir uma empresa no Brasil, seja como MEI ou empresa de pequeno porte. Para isso, é  necessário ter um CPF ativo e um endereço no Brasil, que pode ser um endereço fiscal de coworking ou, ainda, o de algum parente.

Tendo um CNPJ, você pode emitir notas fiscais tanto para serviços prestados para clientes brasileiros, quanto para clientes que você eventualmente conquiste no exterior. Se você tem dúvidas sobre como fazer, pode ser uma boa ideia entrar em contato com um contador.

Optando por ser MEI ou pequeno empreendedor, os impostos são recolhidos no Brasil, pelo Simples Nacional. Se você tem carteira assinada no Brasil, os impostos também são cobrados no mesmo país. Conheça os diferentes tipos de empresas existentes no Brasil e veja qual modelo é o mais adequado para você.

Lembrando que, nos dois casos, isso só vale para quem possui um CPF ativo, ou seja, para quem não fez a saída definitiva do Brasil. A saída definitiva é necessária para quem passa mais de 12 meses seguidos fora do país.

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