Sair das dívidas é um desafio, mas quando entendemos melhor a condição em que nos encontramos fica mais fácil buscar uma solução. Então, que tal descobrir se você está endividado, inadimplente e superendividado? Esses termos são usados, muitas vezes, como sinônimos. Mas eles retratam realidades financeiras bem distintas, que devem ser tratadas de maneiras diferentes.
Veja alguns exemplos práticos de cada situação, com dicas para identificar os sinais de alerta do endividamento de risco e atitudes que podem ajudar a mudar o jogo e ter uma vida financeira mais saudável.
O que significa estar endividado
Joaquim tem 26 anos, é músico e sempre quis ter uma bateria. Entretanto, com o dinheiro que sobra no fim do mês, após pagar as contas, não dá para comprar o instrumento à vista. Para conseguir realizar seu sonho, ele fez a compra em dez parcelas no cartão de crédito. E acabou, assim, contraindo uma dívida. Mas ele tem uma renda que possibilita pagar a fatura do cartão em dia.
O Joaquim tem, assim, uma dívida, mas não tem contas em atraso. Afinal, o parcelamento acaba sendo, na maioria das vezes, a única opção viável para comprar coisas mais caras, como uma moto, um carro ou uma bateria, no caso do Joaquim. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) de setembro de 2022, essa é a realidade de 79,6% das famílias brasileiras.
Boa parte dessas pessoas está com as contas em dia. Nesse caso, ter uma dívida significa, simplesmente, que você tem um compromisso financeiro para uma data futura. Caso uma parcela não seja paga em dia ou um valor não seja quitado na data determinada, aí sim podemos dizer que você está com as contas atrasadas — o que pode ter consequências negativas, como o pagamento de multas e juros adicionais.
DICA 1: Se você é uma daquelas pessoas que costuma esquecer de tudo, coloque alertas no celular para te lembrar do dia de pagamento das parcelas que você assumiu. Vale a pena também fazer uma lista com todas as contas a pagar e colocá-la em um lugar visível — como a porta da geladeira — para não deixar qualquer parcela atrasar.
DICA 2: Antes de assumir uma dívida, pergunte-se sempre se a sua receita (o dinheiro que entra todo mês) é suficiente para pagar as despesas fixas (aluguel, contas de luz e água, internet, convênio médico, etc.) e as parcelas. Da mesma maneira, é muito importante controlar tudo o que você compra no cartão de crédito para garantir que vai sobrar dinheiro para pagar o valor total da fatura no vencimento.
O que significa estar inadimplente
Joana, 34 anos, é mãe solo e trabalha e, mesmo se esforçando para fechar as contas no azul, o que ela ganha nem sempre é suficiente para arcar com as despesas da casa e de seus dois filhos. Ela usa o cartão de crédito no supermercado e para comprar outras coisas do dia a dia. Porém, quando a fatura chega, com frequência ela paga o valor mínimo e financia o restante. Até que, num determinado mês, deixou de pagar e acabou tendo seu nome negativado.
Quando deixamos de quitar as prestações ou parcelas assumidas, sejam do cartão de crédito ou de qualquer tipo de empréstimo ou carnê ou boleto, nos tornamos inadimplentes. Nesse caso, nosso CPF pode ser incluído nas listas de restrição de crédito. Segundo dados de agosto de 2022 apurados pela Serasa, 67,8 milhões de pessoas no Brasil estão nessa situação.
DICA 1: Para evitar que a dívida se transforme em uma bola de neve, é importante agir rápido. Embora muitas vezes a inadimplência, como a de Joana, não seja propriamente uma escolha, frequentemente pessoas que poderiam manter as contas em dia acabam ficando inadimplentes por desorganização ou por compras sem planejamento. Confira a nossa matéria sobre 10 sinais de alerta de que você está perdendo o controle de suas finanças e saiba o que fazer para evitar essa situação.
DICA 2: Caso você já esteja inadimplente, a dica é procurar as empresas e instituições financeiras o mais rápido possível para renegociar ou reescalonar suas dívidas. Uma opção para conseguir dinheiro para pagar as parcelas é fazer uma renda extra, incrementando assim a sua receita. Independente da sua escolha, é importante procurar resolver a situação o mais rápido possível, afinal, saúde financeira e saúde mental andam lado a lado!
O que significa estar superendividado
Thales, de 43 anos, é motorista de caminhão e passa a maior parte dos dias na estrada. À distância, manda dinheiro para a esposa Gislene e os quatro filhos do casal, que dependem dele para sobreviver. Mesmo trabalhando duro, há alguns anos Thales acumulou muitas contas sem pagar.
A coisa piorou desde que Gislene ficou doente, e os gastos médicos se tornaram mais uma despesa mensal. Hoje, para pagar as dívidas, ele precisaria deixar de pôr comida na mesa da família. Essa situação é chamada de superendividamento. Segundo definição do Banco Central, o superendividamento acontece quando uma pessoa de boa-fé se vê impossibilitada de pagar suas dívidas atuais ou futuras com sua atual renda e seu patrimônio e passa a ter dificuldades de suprir suas necessidades básicas, como alimentação, moradia, saúde, o que pode causar repercussões psicológicas, familiares e sociais.
DICA 1: Para evitar o superendividamento, a primeira coisa que você deve fazer é controlar o seu orçamento pessoal e familiar, identificando as despesas essenciais e sua verdadeira capacidade de pagamento. E nada de fazer novas dívidas antes de ter certeza que você poderá pagá-las. Outra dica é utilizar as ferramentas disponíveis na plataforma do Meu Bolso em Dia, que irão te ajudar a organizar a sua vida financeira, de forma 100% gratuita!
DICA 2: Se você já se encontra em situação de superendividamento, é importante buscar o apoio do órgão de proteção e defesa do consumidor da sua região. Isso porque o superendividamento tem tratamento previsto na Lei 14.181/2021, conhecida como Lei do Superendividamento. De acordo com esta lei, quem contrata crédito, mas fica totalmente impossibilitado de honrar seus compromissos financeiros — seja por desemprego, doença ou qualquer outra razão que impacte no orçamento —, deve ter um tratamento diferenciado na negociação.
Para acessar a proteção prevista na Lei, você pode contar com o apoio dos Procons e outras instituições que prestam orientação, dão treinamentos, intermediam acordos com os credores, prestam assessoria jurídica e, em alguns casos, dão apoio psicológico aos consumidores. Tudo de graça.
Concluindo…
Como vimos, endividamento, inadimplência e superendividamento são coisas distintas e, para cada uma dessas situações, há soluções diferentes. Como sempre, o mais importante é estar bem informado e ter cuidado para não deixar as finanças fugirem do controle.
Lembre-se que você não está sozinho: conte com a gente para gerenciar melhor suas dívidas, traçar estratégias para sair da inadimplência e buscar ajuda para vencer o superendividamento!
Agora que você sabe a diferença entre estar endividado, inadimplente e superendividado, que tal compartilhar esta matéria com seus colegas, amigos e familiares? Ajude outras pessoas a conhecerem melhor cada um desses termos e o que eles de fato significam para a vida financeira!