Volta às aulas: filhos com dificuldades em matemática e ciências?

Abordar a educação financeira em casa pode ajudar a melhorar o desempenho escolar de crianças de diferentes idades

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31 de janeiro de 2024 5 min. leitura

Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) divulgados em 2023 mostram um cenário bastante desafiador para a educação em nosso país. Os dados, coletados no ano anterior, revelam que a cada dez estudantes, sete apresentam desempenho inferior ao esperado em matemática, disciplina que está na base do raciocínio lógico e da autonomia para a tomada de decisões financeiras. Além disso, cinco estão atrasados na leitura e 5,5 não sabem usar o que aprendem em ciências para resolver questões simples do cotidiano.

O resultado coloca o Brasil na 65ª posição entre os 82 países participantes do PISA, que avalia o conhecimento e as habilidades de alunos de 15 anos nas três disciplinas (matemática, leitura e ciências). Os testes exploram até que ponto os alunos conseguem resolver problemas complexos, pensar criticamente e comunicar de forma eficaz, fornecendo informações sobre a forma como os sistemas educativos estão preparando os alunos para os desafios da vida real e para o sucesso futuro.

O baixo desempenho nessas habilidades afeta a capacidade dos jovens brasileiros em ingressar e progredir no mundo do trabalho, ou se destacar profissionalmente em um mercado cada vez mais competitivo. Melhorar a qualidade da educação no país não é só uma tarefa do governo e das instituições de ensino. As famílias também têm muito a contribuir nesse desafio. 

Várias pesquisas realizadas em diferentes países confirmam que o envolvimento da família tem grande efeito no desempenho acadêmico dos filhos. Um estudo que abrangeu mais de 20 mil estudantes dos Estados Unidos, feito por Xitao Fan e Michael Chen no início dos anos 2000, descobriu que a participação dos pais é mais benéfica quando envolve monitoramento das tarefas escolares, apoio emocional e expectativas acadêmicas. Algumas posturas impactam significativamente na aprendizagem: 

  • Expectativa positiva em relação à capacidade do filho enfrentar desafios de aprendizagem e convivência social
  • ‍Conversas entre pais e filhos sobre a escola e os estudos
  • ‍Momentos de leitura em família
  • ‍Demonstração clara do quanto os responsáveis valorizam o professor e a escola

Outra atitude que pode ajudar significativamente as crianças tanto no seu desenvolvimento em matemática quanto na tomada de decisões financeiras conscientes na fase no futuro é trazer a educação financeira para o cotidiano da família.

O papel da educação financeira dentro de casa

Situações reais do cotidiano escolar aumentam a motivação para aprender ciências e matemática

O dinheiro está presente em muitas das decisões familiares e seu manejo adequado envolve entender os valores das notas e moedas, calcular troco, compreender o conceito e como se calculam juros e rendimentos e gerenciar o orçamento familiar. Essas são algumas das atividades que podem contribuir para a compreensão da matemática e, principalmente, para a motivação em aprendê-la. 

Afinal, para ampliar o interesse por determinada tarefa, é preciso dar sentido a ela. E o bom uso do dinheiro para realização de sonhos pode ser um excelente motivador para desenvolver a habilidade matemática.

As ciências também podem se beneficiar desse aprendizado, já que muitas das situações financeiras do dia a dia envolvem a reflexão sobre o impacto do consumo humano no planeta, incluindo o aquecimento global e as mudanças climáticas, por exemplo, que comprovadamente são afetadas pelo estilo de vida que adotamos. 

Analisar e refletir sobre nossos hábitos de consumo diário pode ampliar a conexão entre o que se aprende na escola e a vida cotidiana dos estudantes. 

Como trazer, na prática, a educação financeira para o ambiente familiar

Veja dicas para inserir a educação financeira para crianças e adolescentes de diferentes idades na rotina da família, provocando a descoberta e a aplicação práticas da matemática e da ciência no dia a dia.

Educação financeira em casa pode ser uma atividade lúdica e pode começar cedo, antes dos 6 anos

Antes dos 6 anos – educação infantil

# Criar brinquedos com material reciclável: envolva envolva as crianças na atividade de montar brinquedos com embalagens, rolos de papel higiênico, jornais e sacos plásticos. Além de reutilizar materiais que iriam parar no lixo e promover o consumo consciente, é possível incentivar a reflexão sobre “de onde vêm” as coisas que consumimos. Essa é uma excelente forma de introduzir o tema das ciências na vida das crianças de uma maneira lúdica e contribuir para o uso mais sustentável dos materiais que nos cercam.

A partir dos 6 anos - alfabetização

# Preparar a lista de compras: reúna seus filhos para escrever a lista de compras no supermercado e acrescente uma coluna ao lado para incluir os preços estimados de cada item. Eles podem procurar na internet e preencher com as informações que pesquisaram. Além de exercitar a leitura e a escrita, a tarefa ajudará as crianças a comparar preços e calcular o valor que vocês pretendem gastar no supermercado, praticando as operações básicas da matemática. E certamente também auxiliará na reflexão sobre as prioridades da família.

# Ler as contas de consumo: convide as crianças a ler e interpretar as contas de energia, água, gás, entre outras. As informações presentes nessas contas podem auxiliar a desenvolver a habilidade de leitura e interpretação de gráficos, o entendimento de medidas e o conhecimento de conceitos financeiros, como multa por atraso, juros de mora, entre outras. Aproveite para conversar sobre quais medidas podem ser tomadas em casa para economizar no consumo desses serviços, definindo metas de redução e programando atividades divertidas para a família caso as metas sejam alcançadas.

A partir dos 9 anos – ensino fundamental

# Preparar o orçamento e planejar os gastos: chame as crianças para organizar os gastos da família em tabelas ou em uma de nossas planilhas gratuitas. Fazer essa atividade em conjunto permite que todos tenham conhecimento sobre o custo de vida da família e possam colaborar com sua melhor gestão. Além disso, prepara as crianças e jovens para o uso de ferramentas matemáticas presentes em todas as etapas escolares. 

# Fazer pequenas compras para a família: leve as crianças à feira ou à padaria e crie oportunidades para elas possam gerenciar uma quantia de dinheiro, calcular o troco e anotar o que foi gasto na planilha ou tabela do orçamento familiar. Isso amplia a responsabilidade e incentiva a atenção quanto aos valores utilizados, exercitando o cálculo mental e o raciocínio lógico.

A partir dos 13 anos – ensino médio

# Avaliar decisões sobre compra à vista ou a prazo: convide o adolescente a utilizar ferramentas como a calculadora do cidadão para calcular juros e comparar o valor necessário para comprar algo à vista ou a prazo. Essa prática, além de ajudá-lo a entender o conceito e exercitar o cálculo de juros, contribui para que ele reflita sobre a importância de poupar para obter o que deseja, evitando assumir dívidas.

# Calcular o rendimento de um investimento: provoque o adolescente a projetar o valor futuro de determinada quantia poupada ao longo de um, dois ou cinco anos. A calculadora do cidadão pode ajudar nesse cálculo ou, se estiver estudando esse tema na escola, vale a pena procurar exemplos de problemas financeiros desse tipo na internet para estimulá-lo a praticar esse conhecimento e ainda incentivá-lo a poupar para realizar sonhos.

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