Do Real ao Drex: 30 anos da moeda brasileira

Conheça a história de nossa moeda, criada há três décadas como parte de um plano econômico que pôs fim à hiperinflação no país

Real faz 30 anos. Conheça a história da moeda brasileira
8 de julho de 2024 5 min. leitura

O Real (R$) nasceu em 1º de julho de 1994, como parte de um plano econômico que colocou fim ao período de hiperinflação no Brasil, que se estendia desde meados da década de 1980. Nos doze meses anteriores ao lançamento da moeda, por exemplo - entre julho de 1993 e junho de 1994 -, a inflação atingiu o patamar de 4.922%, de acordo com o Banco Central.

Na tentativa de conter o aumento desenfreado dos preços e as incertezas que rondavam o dia a dia de todos os brasileiros, o Plano Real implementou um conjunto de medidas fiscais e monetárias que estabeleceram as bases para a estabilidade macroeconômica alcançada nos anos seguintes.

De seu lançamento lá para cá, o Real firmou-se como uma moeda forte e é, hoje, a mais longeva do Brasil desde 1942. Conheça um pouco de sua história e, também, como o Real continua evoluindo, até chegar ao Drex, nosso real digital.

As moedas brasileiras e a hiperinflação

entenda o período de hiperinflação e como o Plano Real mudou a economia brasileira

Imagine ir  ao supermercado com dinheiro o suficiente para fazer a compra da semana e perceber que os alimentos estão mais caros do que no dia anterior. Sem poder levar tudo o que está na lista de compras, você decide comprar os itens mais essenciais e voltar ao mercado algumas horas depois, para levar os itens que faltaram. Mas os preços já não são os mesmos, fazendo com que o dinheiro, mais uma vez, não seja suficiente.

Com a perda do poder de compra nesse ritmo, os brasileiros precisavam correr ao mercado assim que recebiam o salário, comprando tudo o mais rapidamente possível para não ser mais uma vez surpreendidos pelas etiquetagens de preços dos produtos, que mudavam todos os dias e, às vezes, mais de uma vez ao longo do dia. Essa era a realidade no período de hiperinflação, entre os anos de 1980 e 1990.

A instabilidade financeira criava um cenário de ansiedade e insegurança tanto para as pessoas quanto para os negócios, fazendo com que os governos lançassem planos econômicos e novas moedas, na tentativa de conter a inflação. Não é à toa que, ao longo de sua história, o Brasil teve nove moedas oficiais, sendo que seis delas foram lançadas no período. 

O Cruzado, introduzido em 1986, substituiu o Cruzeiro e, em 1989, foi substituído pelo Cruzado Novo; em 1990, voltou a ser chamado de Cruzeiro. Em 1993, foi lançada uma nova moeda, o Cruzeiro Real. Até então, nenhuma dessas medidas havia conseguido conter a inflação, que em alguns períodos chegou a bater a casa dos 3% ao dia, um índice próximo da inflação registrada atualmente em um ano.

O que foi o Plano Real

Foi nesse cenário de hiperinflação e insegurança, depois de diversos planos falhos e congelamentos de preços, que surgiu o Plano Real, idealizado por uma equipe formada por nomes como Fernando Henrique Cardoso, Pérsio Arida, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e André Lara Resende.

Lançado em fevereiro de 1994, o Plano Real não propunha o congelamento de preços e foi implementado em três etapas: primeiro, veio um ajuste fiscal que estabeleceu medidas de redução dos gastos e aumento da receita da União. Depois, a criação de uma moeda escritural baseada no dólar, a URV (Unidade Real de Valor), que veio proteger o poder aquisitivo corroído pelo processo inflacionário. 

E, em 1° de julho de 1994, chegou o Real, que também usava o dólar como referência. O resultado foi a queda da inflação que, em dezembro de 1994, baixou para 1,71%, trazendo estabilidade econômica para o país.

Segundo Pérsio Arida, um dos economistas que participou da implementação do Real, o plano foi bem sucedido porque, dentre muitos fatores, foi implementado em etapas e sem surpresas. A população foi preparada antecipadamente para entender o que seria feito. “Teve um fenômeno de psicologia coletiva, quase que um pacto social”, destacou o economista em entrevista para o podcast da Febraban, mediado por Mona Dorf e João Borges. Assista a conversa na íntegra:

Do Real ao Drex: próximos passos para a moeda brasileira

Evolução do Real ao Drex, moeda digital brasileira

Trinta anos depois de seu lançamento, o Real continua sendo uma moeda forte e em constante evolução e deve ganhar uma versão digital em 2025, o Drex, nome dado à moeda digital que será emitida pelo Banco Central. 

Ela terá o mesmo valor e será aceita da mesma maneira que o Real, só que funcionará apenas no mundo virtual. Atualmente em fase de teste em ambiente restrito, a nova moeda digital brasileira irá trocar de mãos na Plataforma Drex, um ambiente seguro que irá possibilitar a realização de diferentes transações financeiras. Acompanhe o dia a dia de desenvolvimento do Drex no site do Banco Central.

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