Diante da crise econômica aprofundada pela pandemia, empreender tornou-se a única saída para muitos brasileiros. As altas taxas de desemprego e o mundo do trabalho em profunda transformação reforçaram a necessidade de buscar novas fontes de renda a partir dos talentos que cada um possui. Se esse é o seu caso, este post é para você.
Para ajudar nos seus primeiros passos, preparamos um guia rápido com orientações para fincar bem os pés no chão para não ter prejuízo nem pagar para trabalhar. Mais do que encontrar aquela atividade que fará você ter disposição para pular da cama bem cedo todos os dias, é necessário cuidar das finanças e das questões legais desde o começo.
O que você vai encontrar aqui:
Passo 1: escolher o que você vai vender, para quem e onde
Passo 2: fazer a formalização da atividade
Passo 3: separar a pessoa física da jurídica
Passo 4: aprender a calcular o custo para formar o preço certo
Passo 5: descobrir canais de vendas
Passo 6: preparar-se para o mundo digital
Passo 7: fazer o orçamento e se planejar
Passo 1: escolher o que você vai vender, para quem e onde
Já resolveu com o que você vai trabalhar? Se não decidiu ainda, vale lembrar que a oportunidade para empreender pode estar no seu bairro, na sua rua ou até mesmo no condomínio onde você mora. Ande a pé pelas redondezas, converse com os vizinhos e liste coisas que fazem falta na região e pelas quais as pessoas estariam dispostas a pagar.
As opções vão além da venda de produtos e se estendem aos conhecimentos que você possui. A dica é usar suas habilidades ganhar dinheiro fazendo algo que você gosta. Há ótimas oportunidades inclusive no mundo online. Como esse é um universo sem fim, escolha um público que deseja atender e direcione sua atenção a ele, avaliando:
- Você conseguirá fazer entregas, se o seu negócio for a venda de algum produto?
- Como vai vender?
- Comece conferindo algumas dicas para trabalhar com vendas online.
Durante a pandemia, surgiu uma onda de novos pequenos negócios virtuais. Contação de histórias, reforço escolar, aulas de canto ou música, brincadeiras, aulas de maquiagem online são apenas alguns exemplos de serviços que começaram a ser vendidos online. Teve até mesmo muita gente que seu reinventou na crise, usando a criatividade para salvar seus negócios.
Não faltam plataformas tecnológicas para facilitar esse acesso e a prestação de serviços. A Superproof, por exemplo, promove o encontro de alunos e professores nas mais diversas especialidades. Os preços são combinados antes e a plataforma ajuda a divulgar os profissionais disponíveis.
Até mesmo a turma do teatro, da música e da dança viveu o processo de digitalização, oferecendo espetáculos que chegam às casas das pessoas. O mesmo aconteceu com a área de eventos. Palestras, oficinas e debates, que antes aconteciam apenas de forma presencial, passaram a ter uma nova opção para alcançar públicos de outras localidades.
Passo 2: fazer a formalização
Depois de escolher o produto ou serviço ao qual quer se dedicar, chegou a hora de formalizar o seu negócio. Esse processo permite que você tenha benefícios sociais, como aposentadoria e auxílio-doença, e que emita nota de produtos e serviços, o que é uma exigência dos clientes. Mais do que garantias formais, registrar sua empresa assegura que você inicie sua trajetória autônoma de forma profissional.
A maneira mais fácil e acessível de ter um cadastro de pessoa jurídica, o famoso CNPJ, é se tornar um MEI – Microempreendedor Individual. Você paga um valor fixo mensal que vai R$ 60,60 a R$ 66,60 em 2022, conforme o tipo de atividade (comércio, serviços e indústria). Todos os impostos, inclusive a contribuição para o INSS, estão incluídos nesses valores.
Fique de olho nas mudanças que acontecem anualmente no MEI, porque elas podem impactar sua rotina.
Passo 3: separar a pessoa física da jurídica
Ao iniciar um negócio tocado por você, é preciso entender que você se transforma em duas pessoas: a física e a jurídica. A primeira é aquela que usa o dinheiro para fazer compras no mercado, pagar o aluguel da moradia e demais contas da casa. Já a segunda deve pagar fornecedores e funcionários, comprar matéria-prima e adquirir equipamentos e serviços para melhorar seus negócios.
Mas é muito comum as coisas se misturarem. O dinheiro de casa e da empresa acabam ficando uma coisa só e é aí que mora o perigo. Isso complica a vida de muitos empreendedores e, muitas vezes, os impede de ir adiante e crescer de maneira sustentável ao longo do tempo.
Todo negócio regulamentado precisa ter uma conta bancária em nome da empresa para receber e efetuar pagamentos. Alguns bancos oferecerem contas digitais simplificadas e com tarifas bem reduzidas para MEIs. Faça uma pesquisa por “conta bancária mais barata para MEI” para descobrir alguns deles. Com uma conta PJ, você terá condições organizar as finanças, separando o dinheiro da pessoa jurídica e da pessoa física.
Mas como terei dinheiro se os pagamentos feitos pelos clientes entram na conta jurídica? Crise uma rotina para que todos os meses, sua empresa pague a você um salário, que no caso do empreendedor é chamado de pró-labore. Lembrando de deixar na conta PJ o dinheiro que precisará para pagar as contas da empresa e formar uma reserva para investir no futuro. Assim, nem você nem sua empresa precisarão viver de sustos.
Passo 4: como calcular o custo para formar o preço certo
Esse é um assunto que costuma gerar confusão mesmo entre quem já é empreendedor. Para você ter ganhos financeiros, é fundamental entender o custo de seu produto ou serviço, ou seja, o quando você precisará tirar do bolso para produzir, ofertar e fazer chegar até o cliente.
Para colocar preço em uma camiseta, antes, uma confecção de roupas precisa calcular o custo da peça: anotar o quanto pagou pelo tecido, linha e mão de obra, por exemplo. Se o dono da confecção tirou do bolso R$ 40 para construir uma peça bem caprichada e diferente, seu preço pode sair a R$ 70. Assim, ele terá R$ 30 de lucro.
Esse é um exemplo rápido para que você entenda a lógica da precificação, mas o tema merece muito mais atenção e cuidado. Para entender como fazer esse cálculo, nós explicamos direitinho como calcular o preço do produto e o valor de sua hora de trabalho.
Passo 5: descobrir canais de vendas
As mudanças para o comércio foram profundas após a pandemia. Muitos negócios precisaram fazer grandes manobras para sobreviver, mas conheceram novas oportunidades. E teve quem começou do zero! A forma de consumir mudou com a expansão das vendas online, e essa tendência veio para ficar.
Muitos empreendedores surfaram nessa onda para fazer renda extra. Quem tinha habilidade na cozinha passou a vender refeições prontas, como marmitas e bolos. Outras pessoas tornaram-se revendedoras de produtos como roupas e cosméticos. Enfim, não faltaram negócios que começaram em casa durante a pandemia.
Para quem é do comércio, o WhatsApp foi um grande trunfo, também pela facilidade que o aplicativo oferece de tirar dúvidas e fechar negócios. Um produtor rural que vende frutas, verduras e legumes ou quem prepara quentinhas pode mandar seu cardápio ou lista de produtos e ofertas pelo zap. Informa as condições e a forma de pagamento e já fecha o pedido. Tudo simples e rápido.
Passo 6: preparar-se para o mundo digital
Mais do que nunca, junto com a construção de um novo negócio, é preciso buscar capacitação para se posicionar bem no mundo digital. O próprio Sebrae disponibiliza cursos gratuitos para você começar sua trilha de aprendizagem: como vender pela internet e marketing digital para empreendedor são algumas delas. A gente também tem muita informação e dicas para você trabalhar com vendas online.
Mesmo no processo de retomada das atividades presenciais, muita coisa continua mudando, e a chance de obter renda pode se tornar cada vez mais visíveis. Um cabelereiro que antes só trabalhava no salão de beleza agora tem demanda de atender a clientela que prefere ficar em casa.
Passo 7: fazer o orçamento e se planejar
A pandemia nos ensinou que, diante de uma crise profunda e sem precedentes, existem muitas perdas, mas também espaço para novas possibilidades. E que esses novos caminhos podem, sim, ser construídos com paciência e persistência, sempre buscando informação e conhecimento.
Porém, no mundo do empreendedorismo, certos princípios nunca mudam. O primeiro é o planejamento: antes de colocar a mão na massa, tenha clareza de onde se quer chegar. Planeje pequenos passos, um por vez. Ter um orçamento bem controlado é um caminho seguro para ter sucesso financeiro, na vida pessoal e empresarial. Mãos à obra!
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Matéria publicada em 21 de outubro de 2020 e atualizada em 15 de julho de 2022