O que fazer para sair das dívidas 3: Hackear o cérebro

Truques para começar a poupar pequenos valores e criar o hábito de investir

como poupar dinheiro, reavaliando hábitos mentais
2 de fevereiro de 2021 5 min. leitura

O início do ano é uma ótima época para planejar aquelas coisas com as quais sonhamos, colocar nossos projetos no papel e adquirir novos hábitos. É nesse clima de recomeço que chegamos à terceira matéria da série sobre truques e técnicas para sair da dívidas e poupar. Primeiro, convidamos você a dar uma olhadela nos conteúdos dos posts anteriores:


Técnicas para sair das dívidas e guardar dinheiro #1: Envelopes
Técnicas para sair da dívidas e guardar dinheiro #2: Crie seu próprio desafio

Neste terceiro post da série, vamos mostrar como sair do piloto automático e se desviar daqueles golpes mentais que sempre nos conduzem aos mesmos comportamentos. A expressão “hackear o cérebro” tem se popularizado como uma metáfora dessa capacidade de se “reprogramar” para fazer as coisas de um jeito diferente. Então, vamos lá!

Você é do tipo que gasta seu dinheiro no mesmo dia que recebe o salário? No mercado, farmácia ou padaria, deixa o troco de caixinha para o vendedor? Despreza moedas? Nunca conseguiu cortar gastos para começar a economizar? Vamos mostrar como vasculhar seu cérebro e entender o que te impede de guardar dinheiro.

Gaste menos...

Com um pouco de atenção, organização e prática, você entenderá como conquistar a disciplina de poupar com frequência e verá que é possível se tornar um investidor, mesmo começando com pequenos valores.

5 dicas para reprogramar seu cérebro para melhorar sua saúde financeira, sair das dívidas e poupar

Confira as principais dicas para que você possa lidar melhor com seu dinheiro:

1. Finja que ganha menos

Se você tem um salário de R$ 2.000, informe ao seu cérebro que sua renda mensal é de R$ 1.700 (ou até menos, se puder). Considere que esses R$ 300 de diferença não pertencem a você, mas à sua poupança. Quando usa essa artimanha, você se previne do risco de gastar todo o dinheiro do mês, sem fazer economia.

Um dos segredos dos bons investidores é que eles aprendem a viver com menos do que têm. Portanto, adote um padrão de vida que caiba no seu bolso e que faça sobrar um tanto para guardar. Ter dinheiro investido é a chave para as sonhadas segurança e liberdade financeiras. Para se inspirar a fazer ajustes por aí, pare um momentinho para pensar: seu padrão de vida cabe no seu bolso? Vale também descobrir novos jeitos de viver e pensar suas escolhas.

2. Esconda dinheiro de você

Você costuma deixar grandes valores parados na conta corrente? Tem dinheiro vivo “dando sopa” na carteira ou nas gavetas de casa? Quando decide dar um passeio, leva com você todos os cartões de crédito, caso “precise” fazer alguma compra?

Se tem interesse em começar a poupar, tome cuidado com situações que podem fazer você sentir que tem dinheiro disponível. Se isso normalmente acontece, o melhor trunfo para enganar o cérebro é “tirar o dinheiro da sua frente”.

Só deixe na conta aquele valor que vai usar nos próximos dias. Se você sabe que, naquele período, precisará pagar água, luz, gás, deixe na conta o valor correspondente à soma desses itens. O restante, coloque em alguma aplicação que você possa sacar na hora que precisar.

Isso vale também para quem tem o hábito de usar dinheiro vivo. Tenha com você apenas o valor correspondente ao que sabe que precisará usar – para fazer uma compra rápida na padaria ou na feira, por exemplo. Ou até um pouco mais, para pequenos imprevistos.

3. Coloque a sua aplicação na lista de despesas

Você deve informar ao seu cérebro – e à sua planilha financeira – que aquele dinheiro da poupança é uma dívida, portanto deve ser incluído no orçamento. Ele deve estar ao lado dos outros compromissos mensais, como água, luz, gás, internet, alimentação, despesas com saúde, educação. Inclua lá na lista de despesas: meu futuro, meu sonho, minha casa, investimento ou a palavra que mais te incentive a poupar.

Quando você define que a aplicação é um compromisso, seu hábito começa a mudar. Assim, do mesmo modo que você se organiza para pagar a conta de luz todo dia 5, você também irá se preparar para transferir um valor para um investimento todo dia 8 (ou qualquer outro que definir). Programe no seu banco uma aplicação automática do valor nesta data.

4. Faça uma programação automática

Já que falamos da aplicação automática, não custa reforçar que ela é uma boa aliada de quem não tem o hábito de poupar. Esse serviço é gratuito e está disponível no internet banking ou aplicativo de celular de qualquer banco.

Se você recebe R$ 2.000 por mês, por exemplo, você pode decidir que, todo dia 10, R$ 200 devem ser transferidos para uma aplicação sem você precisar fazer nada. Se você não tem essa funcionalidade à disposição, fale com seu banco para habilitá-la.

Com esse recurso, você engana seu cérebro principalmente porque investe sem precisar fazer esforço. Se chegou no dia 10, o salário caiu e você não lembrou ou não teve tempo, o dinheiro será mandado para a aplicação de qualquer maneira.

5. Leve o cofrinho à sério

Quando era criança, você tinha um porquinho onde guardava as moedinhas que seus pais e avós te davam? Você parou de usar seu cofrinho ou ainda tem o hábito de juntar pequenos valores? O que pode parecer uma brincadeira de criança tem um valor enorme e influencia a forma como cuidamos do nosso dinheiro na vida adulta.

É bem comum que, na medida em que vamos nos afastando da infância e consequentemente do nosso porquinho, começamos a achar que aquelas moedas e trocos que ficam espalhados pela casa não têm mais valor.

Informe ao seu cérebro que essas moedas têm valor sim. Volte a guardá-las numa caixa ou vidro com tampa (se não tiver mais o porquinho) e, no final do mês, coloque o dinheiro em uma aplicação que aceite pequenos valores, como a poupançaTesouro Direto, alguns tipos de fundos de investimentos e outros. No final de um ano, poderá se surpreender com o que essa pequena mudança de atitude vai gerar para você. Vale o ditado: “é de grão em grão que a galinha enche o papo.”

6. Arredonde os centavos e doe-os para você

A prática de arredondar centavos não só estimula o hábito de poupar como faz você perceber que investir é, sim, para todo mundo. Com funciona? Se você entrou na sua conta e pagou um boleto de R$ 9,30, na mesma hora, arredonde o valor para R$ 10 e mande a diferença de R$ 0,70 para a sua poupança. É a mesma lógica do cofrinho: o que pode parecer pouco no começo se transforma num valor interessante no longo prazo.

7. Conseguiu enxugar? Guarde

Fazer economia, investir e ver o seu dinheiro crescer pode ser muito mais prazeroso do que torrá-lo na primeira oportunidade. Seu cérebro precisa aprender a reconhecer esse benefício. Para isso, use a seguinte lógica: se você faz um bom negócio em alguma compra, mande para poupança o dinheiro da pechincha.

Se conseguiu descontos no seu plano de celular, faça o mesmo. Ou seja, crie o hábito de colocar na sua aplicação todos os valores que inicialmente iria desembolsar, mas que, ao final, não gastou. Dois truques bacanas que podem ajudar nisso: fazer uma caça aos gastos invisíveis e dar atenção para aquelas despesas que você pode enxugar hoje e não vai nem perceber!

O caminho próspero de quem decide poupar

Passo 1: Reserva de Emergência

Assim que você começa a adquirir o hábito de poupar e entende que, nesse processo, qualquer valor importa, é necessário conhecer o caminho que seu dinheiro pode percorrer. Na medida em que aquele montante que você levou do cofrinho para a poupança cresce, você começa a ter novas oportunidades de investimentos e rentabilidade.

Antes de tudo, priorize a criação de uma reserva de emergência, que é aquele valor que você só vai usar em caso de extrema necessidade. Por exemplo, para pagar as contas da casa numa situação de desemprego ou doença na família. Ou em imprevistos mais cotidianos, como a geladeira queimada ou o carro quebrado.

A recomendação é acumular o valor correspondente a, no mínimo, três meses do total de seus gastos mensais. Ou seja, se você tem uma despesa mensal de R$ 1.500, você deve ter, pelo menos, R$ 4.500 em sua reserva de emergência. Esse dinheiro deve ser investido em uma aplicação segura e que possa ser resgatada na hora que precisar.

Passo 2: Depositar ou não da poupança?

A poupança ainda é a aplicação escolhida pela maioria dos brasileiros. Essa preferência se explica porque é uma das formas mais simples e sem burocracias de investir. Não tem taxas, você pode começar com qualquer valor (inclusive centavos) e tem liquidez diária, ou seja, você pode sacar qualquer hora.

Isso significa que a poupança tem todos os atributos para quem quer sair do zero e dar os primeiros passos como investidor. Mas também é a aplicação que tem a rentabilidade mais baixa do mercado – atualmente, a remuneração da poupança corresponde a 70% da Taxa Selic. Entenda melhor o funcionamento da poupança e sua rentabilidade no post Tudo sobre a poupança.

Ou seja, a poupança pode ser um bom começo, especialmente se você quer juntar um valor mínimo para outra aplicação. Mas é possível chegar mais longe e fazer o dinheiro trabalhar para você.

Passo 3: Tesouro Direto é opção para pequenos valores

Se você tem R$ 35 ou mais disponíveis para investir, já tem a opção de aplicar no Tesouro Direto, um programa criado pelo Tesouro Nacional em parceria com a B3 (Bolsa de Valores). Na prática, você empresta dinheiro ao governo e, em troca, recebe rendimentos.

São vários tipos de títulos, com diferentes rentabilidades (prefixada, ligada à variação da inflação ou à variação da taxa Selic) e diferentes prazos de vencimento. O Tesouro Selic, por exemplo, paga 100% da taxa Selic mais um percentual, que muda conforme o título disponível no momento. Lembrando que atualmente, para quem está aplicando agora, a poupança paga 70% da Taxa Selic. Tesouro direto X poupança: onde investir?

Passo 4: O bolo cresceu? Considere outras possibilidades

Se você driblou o seu cérebro, adquiriu o hábito de investir e conseguiu poupar R$ 1.000 ou mais, parabéns! Você já pode passar para uma próxima etapa. Nela, existem ofertas de investimentos interessantes, que podem gerar melhores retornos.

CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letra de Crédito Imobiliário), LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são apenas algumas possibilidades, sem esquecer dos fundos. O que são fundos de investimento e como escolher?

Porém, muita atenção! Para receber a rentabilidade em alguns destes investimentos, você só pode fazer resgates depois de um determinado prazo. Ou seja, muitos têm uma data de vencimento. Fique atento a isso na hora de escolher. Também vale checar se a aplicação é protegida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

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