Com alguns toques na tela do celular, conseguimos comprar produtos, contratar serviços, ler as últimas notícias e conversar com amigos e familiares em tempo real. No mesmo aparelho, checamos nossos e-mails e mensagens de texto e realizamos transações financeiras. Tudo com muita praticidade e simplicidade. O avanço tecnológico tem tornado nossas vidas cada vez mais cômodas.
Contudo, para usufruir de todo esse conforto com segurança, precisamos estar atentos e bem informados. Golpes e fraudes contra o consumidor têm se tornado mais frequentes e eficientes, com os criminosos utilizando-se da tecnologia para agir.
O Radar Febraban 2024, mostra que 36% das pessoas já foram vítimas de golpes financeiros ou tentativas de golpes. A pesquisa é feita trimestralmente pela Federação Brasileira de Bancos e pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas. O golpe de clonagem ou troca de cartões é o líder (44%), seguido pelo golpe da central falsa (32%) e do WhatsApp (31%).
Para não cair nessas armadilhas, é preciso estar bem informado. Pensando nisso, listamos os tipos de fraudes mais comuns e muitas dicas para você se proteger e orientar sua família. Nos depoimentos reais que trazemos a seguir, não usamos os nomes completos dos entrevistados para resguardar suas identidades.
As fraudes e golpes financeiros mais comuns e como se proteger
1. Golpe do WhatsApp
Um dia, ao checar suas notificações de WhatsApp, você se depara com um pedido de ajuda financeira urgente de um amigo ou parente próximo. Foi o que aconteceu com o Caio, 24 anos. Um amigo contava uma história comovente, que terminava com o pedido de um empréstimo de R$ 2 mil. Prestativo, Caio transferiu o dinheiro via Pix. Ao ligar para o amigo informando que já tinha feito a transferência, descobriu que havia sido vítima de golpe.
Esse é apenas um exemplo de um golpe cada vez mais recorrente, que utiliza o WhatsApp. Funciona assim: os golpistas descobrem o nome e o número de telefone das pessoas que irão abordar e clonar a conta de WhatsApp. Para fazer isso, eles precisarão inserir um código de segurança que o aplicativo envia por SMS sempre que é instalado em outro dispositivo.
Para obterem esse código, os fraudadores enviam uma mensagem no WhatsApp fingindo ser de alguma empresa na qual a pessoa possui cadastro e pedem o código de segurança para algum tipo de atualização ou confirmação. Com o código nas mãos, os golpistas conseguem clonar a conta e passam a ter acesso a todos os seus contatos e conversas.
Passam, então, a enviar mensagens para as pessoas pedindo dinheiro para resolver alguma urgência. Quando conseguem acesso ao histórico de mensagens do aplicativo, os fraudadores são tão convincentes que enganam pessoas de diferentes perfis, de executivos de empresas a médicos e outros trabalhadores que, na correria do dia a dia, não se dão conta de que estão falando com golpistas.
O que fazer para evitar fraudes no WhatsApp
A primeira medida é habilitar as funções de segurança do aplicativo. Mas há outras configurações que dificultam a vida do golpista:
- Ative a verificação em duas etapas. Para isso, no aplicativo, clique em “conta” e depois em “confirmação em duas etapas”. Ativando esta opção, você diminui as chances dos golpistas conseguirem clonar o seu número.
- Entre em “configurações”, clique em “conta” e “privacidade”. Clique em “foto do perfil” e deixe a sua foto de perfil visível apenas os seus contatos.
- Nunca compartilhe o código de segurança do WhatsApp.
Caso você receba mensagens de amigos ou parentes pedindo dinheiro, ligue para a pessoa usando o número que você tem cadastrado em sua agenda. “Se eu tivesse ligado para meu amigo antes de transferir o dinheiro, teria evitado um imenso transtorno”, conta Caio, que conseguiu reaver a quantia perdida.
Leia também: 10 passos para utilizar o Pix com segurança.
2. Golpe da falsa central de atendimento
Júlia, 69 anos, sempre se considerou uma pessoa antenada e íntima das novas tecnologias. Até que recebeu uma ligação de um fraudador que, passando-se por funcionário do banco em que é correntista, informou que seu cartão havia sido clonado. Assustada, não pensou duas vezes antes de fornecer ao atendente todas as informações que foram solicitadas: nome completo, RG, CPF, o número do cartão e até sua senha pessoal.
Apesar de bem informada, Júlia nem desconfiou de que estava sendo vítima do golpe da falsa central de atendimento. Com um roteiro bastante convincente, os fraudadores tentam alarmar as pessoas com a notícia de que sua conta bancária foi invadida ou clonada e, a partir daí, passam a solicitar informações pessoais e financeiras.
Para não cair nessa conversa, é preciso, em primeiro lugar, respirar fundo e ter autocontrole quando receber uma ligação desse tipo. “Confesso que fui inocente”, conta Júlia. “Fiquei assustada e nem desconfiei que poderia ser um golpe". Outro cuidado importante: em hipótese alguma forneça informações financeiras ou pessoais por telefone.
Um banco jamais irá ligar pedindo senhas ou número de seu cartão. Se você receber alguma ligação desse tipo, desligue imediatamente e entre em contato com a instituição em que tem conta. Aliás, a Júlia só não perdeu dinheiro porque, assim que desligou, sua filha a questionou sobre a ligação e sugeriu que ela telefonasse para o banco para averiguar a situação.
3. Golpe do falso motoboy
Pedro tem 48 anos e, pouco adepto da tecnologia, prefere resolver as coisas pessoalmente. Mas, mesmo mantendo distância da internet, ele passou por um susto dos grandes ao ser vítima de um tipo de golpe bastante comum, o do falso motoboy.
Tudo começou com uma ligação do golpista que, passando-se por um funcionário de banco, disse que o cartão de Pedro tinha sido clonado. O falso funcionário solicitou a senha e pediu gentilmente para que o cartão fosse cortado, mas sem danificar o chip. Em seguida, informou que, por segurança, o cartão seria retirado, por um motoboy enviado pelo banco.
Não demorou para que outro golpista, passando-se pelo tal motoboy, chegasse na residência da vítima, que não sabia que, mesmo cortado, o cartão com o chip intacto pode ser utilizado. A surpresa desagradável veio na fatura do cartão de crédito, recheada de compras que Pedro não tinha feito. No final da história, deu para recuperar o prejuízo, mas “deu um trabalhão, e foi muito, mas muito estressante”, lembra Pedro.
Hoje, ele sabe que os bancos jamais pedem informações sobre cartão e senha por telefone, muito menos solicitam o seu cartão de volta e mandam um motoboy buscá-lo. Portanto, se você receber uma ligação desse tipo, desligue e então ligue imediatamente para o seu banco para verificar se existe algum problema em sua conta.
4. Deepfake com o uso de IA
Com o avanço da inteligência artificial (IA), um novo tipo de golpe vem ganhando espaço. São as chamadas deepfakes, que criam e fundem imagens, áudios e vídeos existentes na internet para imitar pessoas famosas ou publicamente expostas, como lideranças políticas e sociais.
Os vídeos, principalmente, podem ser muito sofisticados, com imagem e voz bastante idênticas à da pessoa real. Os conteúdos podem ser usados tanto para gerar desinformação quanto para aplicar golpes financeiros. O material costuma ser compartilhado nas redes sociais, inclusive pelo WhatsApp, e tenta convencer o usuário a comprar produtos que não serão entregues ou fazer contribuições e transferências de dinheiro.
A questão tornou-se tão séria que levou o YouTube a atualizar, recentemente, sua política de privacidade, incluindo uma nova opção para denunciar vídeos que usam a inteligência artificial para simular a voz ou a imagem de uma pessoa. Para não cair nesse tipo de golpe, é preciso atentar aos conteúdos que recebe, especialmente de números de telefone ou perfis desconhecidos.
Nunca transfira dinheiro sem antes ligar para a pessoa, no número que você possui salvo no seu telefone, e conferir se é realmente ela quem está fazendo a solicitação. Para sua proteção, mantenha ainda as senhas de suas redes sociais atualizadas e, de preferência, com verificação de segurança. Nunca compartilhe dados pessoais ou bancários e desconfie, também, de pedidos urgentes de transferência de dinheiro.
5. Golpe do falso leilão
Ana tem 36 anos e já comprou muita coisa em leilão. “Dá pra adquirir produtos por preços muito atrativos. Foi assim que eu consegui comprar meu carro com um ótimo desconto”. Leilões podem ser realmente uma boa oportunidade, mas é preciso checar antes se são verdadeiros. Em muitos casos, fraudadores criam sites anunciando diversos produtos por um valor abaixo do preço de mercado para atrair vítimas.
Uma vez que alguém demonstra interesse, os criminosos solicitam transferências, depósitos ou envio de Pix para que o produto seja reservado, sempre advertindo que a procura é muito grande e oferecendo descontos para convencer a pessoa a realizar o pagamento. Uma vez pago, o item adquirido nunca é entregue. Foi o que aconteceu com Ana. “Fiz uma transferência de mil reais, só pra descobrir que havia sido enganada. Não consegui recuperar o dinheiro, mas tirei uma lição disso e hoje sou muito mais cuidadosa”, afirma.
Para evitar cair neste tipo de golpe, uma boa dica é seguir a recomendação da própria Ana: “procure pela empresa de leilões na internet, dê uma olhada nos sites de reclamações e confira sempre o CNPJ”. Outro ponto importante, que vale para todas as situações, é nunca realizar transações financeiras em sites que não possuem o certificado ou cadeado de segurança. Vale conferir, também, a credibilidade do site no Reclame Aqui.
6. Golpe do cartão trocado
Neste tipo de golpe, pessoas mal intencionadas que trabalham como vendedores em lojas, postos de gasolina e outros locais, vêm a senha que você digita ao realizar um pagamento. E, procurando distrair você por um instante, trocam o cartão na hora de devolvê-lo. Até que você perceba que teve o cartão trocado, o golpista faz compras utilizando o seu dinheiro.
Foi o que aconteceu com o Luís, 29 anos, que perdeu R$ 500 em um bar onde estava comemorando o aniversário da namorada. “Só me dei conta no dia seguinte”, conta, “e tive o maior transtorno para resolver a situação”. Para evitar dores de cabeça desse tipo, fique muito atento ao fazer compras com o cartão. Confira sempre se ele é realmente o seu e, sempre que possível, passe você mesmo o cartão na maquininha.
Esse tipo de golpe também costuma ser aplicado no caixa eletrônico, com pessoas que não têm familiaridade com o equipamento e pedem ajuda de indivíduos que estão por perto e que, muitas vezes, se passam por funcionários de bancos.
7. Golpe do boleto falso
Embora a maioria dos golpes em nossa lista estejam relacionados à tecnologia, a Dayane, 21 anos, foi vítima de uma fraude à moda antiga. Ela contraiu uma dívida e recebeu uma proposta de negociação de uma recuperadora de crédito conhecida. Por isso, não desconfiou quando um boleto chegou à sua residência.
“Eu nem conferi o valor da parcela, simplesmente paguei. O boleto parecia legítimo, com o logo da empresa e tudo. Só quando fui checar se meu nome tinha saído da lista de restrição é que percebi que tinha sido vítima de um golpe.”
Por correspondência, como aconteceu com a Dayane, ou por meios eletrônicos, como WhatsApp e e-mail, esse tipo de golpe funciona sempre da mesma forma. O falso boleto tem o destino do dinheiro endereçado para a conta do fraudador.
Como reduzir o risco de pagar um falso boleto
- Antes de pagar qualquer boleto, confira atentamente os dados do beneficiário (nome e CNPJ).
- Confira, ainda, a data de vencimento e o valor, para ter certeza de que a cobrança corresponde ao que você está pagando.
- Cheque também os três primeiros dígitos do código de barras para conferir se correspondem ao número do banco responsável pela emissão do boleto.
8. Golpe do delivery: maquininha quebrada
A primeira reunião de amigos depois da pandemia foi realmente divertida. Mas, distraída com a turma que não via há tanto tempo, a Larissa, de 23 anos, não prestou atenção na hora de receber a pizza que havia encomendado, e foi vítima de um golpe que vem crescendo na mesma proporção do número de pessoas que pedem comida em casa.
“Ao invés dos 50 reais que eu tinha planejado gastar, acabei desembolsando 150”, conta. O golpe do qual ela foi vítima funciona assim: no momento da entrega, o motoboy pede para você pagar em uma maquininha que está com o visor danificado ou a posiciona de uma maneira que você não consegue enxergar o valor digitado, ou parte dele.
Em vez do preço correto, o entregador digita um valor maior. Em outras situações, ele convence a pessoa de que houve um problema com o pagamento e é necessário realizá-lo novamente.
Por isso, recuse fazer qualquer pagamento em maquininhas danificadas e sempre confira o valor que aparece no visor. Se você já fez o pagamento por meio do aplicativo, não pague ao entregador em hipótese alguma. “Cadastrei meu cartão de crédito no aplicativo de delivery, e nunca mais escolho a opção de pagar na entrega”, diz Larissa.
9. Golpe do empréstimo consignado
O golpe do empréstimo consignado funciona assim: por meio do WhatsApp, e-mail ou ligação, os criminosos oferecem um empréstimo consignado vantajoso, pedindo um depósito antecipado para a liberação do dinheiro.
Outras vezes, entram em contato fingindo falar em nome de alguma instituição financeira e pedem a confirmação de dados pessoais ou o envio de fotos de documentos. Com os dados em mãos, abrem contas ou contratam planos de celular em nome da vítima.
Como se prevenir:
- Não informar dados pessoais por WhatsApp, telefone ou e-mail.
- Nunca depositar valores para antecipar a contratação de qualquer empréstimo. Essa prática não é adotada pelos bancos e financeiras.
- Negociar a contratação apenas com instituições financeiras que conhece e usando seus canais oficiais de contato.
10. Golpe do FGTS
Um novo tipo de golpe que tem causado muitas vítimas é o do FGTS: por meio de mensagens de SMS, Whatsapp ou e-mail, os criminosos mandam uma notificação dizendo que a vítima tem dinheiro do FGTS disponível para sacar. Junto, vai um link que direciona para um site falso. Uma vez no site, são solicitados dados pessoais para a liberação do saldo.
Esse golpe funciona como o phishing e, para evitá-lo:
- Nunca clicar em links suspeitos ou passar informações pessoais pela internet.
- Conferir cuidadosamente o endereço do site. Muitas vezes a URL pode conter pequenos erros no nome da empresa ou, ainda, usar extensões não cabíveis, como .net ou .org.
- Verificar se o site é oficial e conferir os selos de segurança que costumam estar localizados na parte superior ou inferior da página inicial.
11. Golpe do Bolsa Família
Nesse caso, os fraudadores usam indevidamente o nome do programa público de transferência de renda para ludibriar as pessoas. O golpe é do estilo "phishing" (veja abaixo): o beneficiário do programa recebe mensagens por WhatsApp ou SMS dizendo que é possível receber um valor maior do que o efetivamente pago pelo Bolsa Família ou, então, antecipar uma parcela do benefício.
Atraídos pela promessa de receber mais, muitas pessoas entram nos sites e links enviados pelos golpistas e inserem seus dados pessoais e bancários para receber o falso benefício.
Em outros casos, os golpistas entram em contato alegando que é necessário fazer uma atualização nos dados do aplicativo Caixa Tem, usado desde 2020 para o recebimento do benefício. Por telefone, eles começam a confirmar dados pessoais do usuário, solicitando o CPF, número de conta e até mesmo senhas.
Como se proteger:
- Não clicar em links que com promessas extraordinárias (elas possivelmente são falsas).
- Não informar dados pessoais por WhatsApp, telefone ou e-mail.
- Não digitar dados pessoais em sites que você não conheça e confie.
- Na dúvida, entrar no aplicativo Caixa Tem para conferir o que é verdade.
12. Phishing: o golpe da pescaria digital
Quando o Henrique, 31 anos, recebeu um e-mail prometendo um retorno incrível sobre um investimento em criptomoedas, a curiosidade falou mais alto que a precaução. "Fui imprudente, e cliquei no link, mesmo sabendo que poderia, sim, ser uma fraude”. Henrique foi mais uma vítima do phishing, termo que pode ser traduzido como “pescaria digital”.
Trata-se de uma fraude utilizada para obter dados pessoais e senhas de vítimas por meio de um link falso. Geralmente, os fraudadores enviam mensagens via e-mail, redes sociais ou WhatsApp com anúncios de ofertas imperdíveis ou promessas de ganhos excepcionais que acabam seduzindo a vítima.
No caso do Henrique, não houve prejuízo financeiro: “eu não guardo senhas nem informações importantes nos meus dispositivos. O que aconteceu foi que passei a receber uma avalanche de anúncios e spams na minha caixa de entrada”, conta. No entanto, nem todo mundo tem a mesma sorte, e muita gente termina no prejuízo depois desse tipo de golpe.
Mas não é difícil se precaver contra ele. Verifique sempre se o endereço da página de internet está correto. No caso de dúvidas, não se arrisque: em vez de clicar em links, digite o endereço oficial da página diretamente no navegador. Além disso, nunca clique em links, anexos de e-mails ou mensagens que receber de destinatários desconhecidos.
13. Golpe da mão fantasma
No chamado golpe da mão fantasma, os fraudadores enviam mensagens pedindo que a pessoa faça uma atualização de sistema em seu celular, muitas vezes, alegando alguma falha, vazamento de senhas ou outro problema de segurança. Ao seguir as instruções e clicar no link, o celular da vítima é invadido e passa a ser gerenciado remotamente pelos golpistas, que conseguem acesso às contas bancárias e cartões.
Foi o que aconteceu com a Kássia, de 37 anos, publicitária e gerente de projetos em uma startup paulistana. Tudo começou com uma ligação de alguém se passando por funcionário de seu banco, informando-a de movimentações atípicas em sua conta. Em seguida, ela foi transferida a outro atendente, que depois de confirmar as movimentações fictícias enviou a ela um link por SMS, destinado à instalação de um aplicativo para aumentar a segurança de seu celular. Ela seguiu as instruções e clicou no link.
"Notei uma diminuição do brilho da tela, bloqueei o celular e depois desbloqueei, usando a autenticação biométrica, pois achei que poderia ser algum bug", conta Kássia. Mas o que aconteceu, na prática, é que os golpistas passaram a acessar seu aparelho. Após algum tempo, ela percebeu que havia feito uma transferência de 3 mil reais para uma conta desconhecida. Só então se deu conta de que havia caído em um golpe.
No caso da publicitária, foi feita uma transferência fraudulenta, mas os golpistas também conseguem pagar contas e boletos, transferir valores, solicitar empréstimos e efetuar outras transações. E não são só os smartphones que estão sujeitos ao controle dos golpistas: eles também conseguem assumir o controle de tablets, computadores e notebooks.
Como evitar cair no golpe da mão fantasma
Ao notar algo estranho em seu celular, como a diminuição do brilho da tela com a bateria carregada ou aplicativos abrindo e fechando sem você tenha feito isso, desconecte imediatamente o dispositivo da internet e faça uma varredura completa no aparelho com um bom antivírus. Muitas vezes os criminosos são discretos, e optam por não controlar diferentes funções do aparelho, indo direto ao que interessa a eles.
O mais importante é evitar cair no golpe. Para isso, desenvolva hábitos como não clicar em links que receba e não baixar programas desconhecidos ou que estejam fora da loja oficial de aplicativos de seu celular. Outras dicas:
- Os bancos nunca entram em contato solicitando a instalação de aplicativos ou enviam links para seus clientes sem que eles tenham pedido.
- Aplicativos de bancos não requerem a instalação de reforços de segurança.
- Ao receber ligações feitas em nome de seu banco, nunca forneça dados ou clique em links. Desligue e ligue novamente para o telefone oficial da central de atendimento da instituição.
14. Golpe do Imposto de Renda
Golpistas também utilizam o imposto de renda em tentativas de fraudes. Passando-se por funcionários da Receita Federal, eles mandam e-mails ou entram em contato por SMS ou WhatsApp informando que há um erro na declaração de imposto de renda do contribuinte e enviam um link para corrigir a declaração.
Ao clicar no link falso, são pedidos alguns dados pessoais, que são usados para aplicar golpes. Lembre-se: a Receita Federal nunca envia e-mails solicitando correções no IR. O único canal de comunicação com os contribuintes é por meio do Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal e-CAC), com acesso logado pelo site Gov.br. Não clique em links ou arquivos que usem o nome da Receita.
Conta laranja: saiba o que é como evitar fazer Pix para pessoas que não conhece
Nos golpes financeiros, o dinheiro dificilmente é creditado na conta do próprio fraudador. Para esconder sua identidade, ele usa, em geral, uma conta criada em nome de outra pessoa, que recebe um pequeno valor por isso. É a chamada conta laranja. Depois, usando-se especialmente da velocidade do Pix, o golpista realiza novas movimentações financeiras, tornando mais difícil rastrear o dinheiro.
A prática de abrir ou emprestar uma conta a terceiros para que ela seja usada para receber dinheiro de golpistas é crime. Nunca compartilhe suas senhas e ative todas as camadas de segurança que sua instituição financeira oferece.
Saiba mais sobre contas laranja e como elas podem ser detectadas no podcast da Febraban:
Para reconhecer e valorizar a prevenção de golpes, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criou o Selo de Prevenção a Fraudes, que será concedido às instituições financeiras com boas práticas antifraudes. O Selo será inserido no site e aplicativo oficial das instituições que contam com um processo estruturado de prevenção, sendo mais uma forma de demonstrar a preocupação das instituições com a segurança de seus clientes.
Como reaver o seu dinheiro caso tenha caído em um fraude usando o Pix
Usou o Pix para fazer alguma compra ou pagamento e percebeu que era golpe? Agora, é possível bloquear o pagamento feito pelo Pix e recuperar o seu dinheiro com o Bloqueio Cautelar e o Mecanismo Especial de Devolução (MED), lançados pelo Banco Central em 2024.
Com o Bloqueio Cautelar, se o banco do golpista desconfiar da operação, ele pode bloquear os recursos por 72h, aprofundando a análise da compra para verificar se é realmente uma fraude. Se o golpe for constatado, o próprio banco faz a devolução do dinheiro.
Agora, se você percebeu que sofreu uma fraude antes mesmo de falar com seu banco, registre um boletim de ocorrência e entre em contato imediatamente com a instituição financeira com a qual você trabalha. O banco irá bloquear o acesso ao pagamento e, caso a suspeita de golpe seja confirmada, o dinheiro será devolvido integralmente para você. Saiba mais no vídeo abaixo.
Porque as pessoas caem em golpes financeiros
Há uma série de truques que nosso cérebro utiliza para encurtar caminhos decisórios e que, muitas vezes, podem nos levar a cair nos mais diferentes "contos do vigário". Por isso, é importante ficar atento a eles e se proteger, buscando informação de fonte segura e adiando atitudes para evitar ser pego de surpresa pelos golpistas de plantão:
- Sentido de urgência: sabe aquela sensação de medo de ficar de fora de uma oportunidade ímpar? Ela é muito usada em promoções e estratégias de marketing com o objetivo de incentivar o consumo. E é uma dos principais meios usados por fraudadores para estimular as pessoas a entrarem em links falsos.
- Efeito manada: parece que todo mundo está fazendo, então, vou nessa também. Pense duas vezes antes de aceitar uma proposta sem checar a sua origem.
- Excesso de confiança: podemos até achar algo estranho em determinada mensagem recebida por e-mail, mas tendemos a supervalorizar nossa capacidade de julgamento. Desconfie de propostas miraculosas e antes de tomar qualquer atitude, fale com a família/amigos.
Foi vítima de um golpe? Denuncie!
Se você já caiu em algum dos golpes que descrevemos nesta matéria, é importante procurar as autoridades e denunciar. Para isso, compareça pessoalmente a uma delegacia de polícia munido de provas e documentos que comprovem a fraude e faça um B.O (Boletim de Ocorrência), ou realize o mesmo procedimento de forma virtual, acessando a Delegacia Eletrônica do seu estado.
É importante lembrar que, desde 2013, com a chamada “Lei Carolina Dieckmann”, a legislação brasileira equipara a falsificação de cartões de crédito e débito ao crime de falsificação de documentos, e prevê prisão e multa a quem obtiver, comercializar ou transmitir dados de terceiros sem consentimento.
Quem reside nos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Sergipe e Tocantins pode fazer a denúncia acessando a Delegacia Virtual do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ao formalizar a denúncia, você auxilia as autoridades no monitoramento de fraudes e na detecção de novos tipos de golpes, o que ajuda a prevenir que outras pessoas sejam prejudicadas.
O melhor remédio é a informação
Todas as pessoas que aparecem nessa matéria têm algo em comum, além de terem sido vítimas de golpes e fraudes: elas afirmam que se tivessem mais informações sobre o tema, dificilmente teriam sido prejudicadas. Portanto, é importante ficar por dentro dos tipos de golpes mais comuns. Aqui no portal Meu Bolso em Dia, trazemos diversas dicas e instruções para que você aprenda mais e esteja sempre protegido.
Acompanhe e não deixe de compartilhar essa matéria com os seus contatos, para que mais pessoas possam se informar e se proteger!
===
Matéria publicada em 22 de julho de 2022 e atualizada em 4 de julho de 2024.