Conteúdo produzido pelo Sebrae-MG para o Meu Bolso em Dia
Em novembro, acontecem a Semana Global do Empreendedorismo e, no Brasil, a Semana ENEF (Semana Nacional de Educação Financeira). Além da coincidência de datas, será que existe alguma relação entre educação financeira pessoal e empreendedorismo? Sim, a ligação é grande.
Finanças básicas para empreendedores
A educação financeira pessoal busca estabelecer uma boa relação do indivíduo com o dinheiro. Todos nós temos um grande dilema em nossa vida financeira: de um lado nossos desejos são ilimitados, queremos fazer muitas coisas, conhecer muitos lugares e realizar todos os nossos sonhos. E, do outro lado, nossos recursos são limitados. E não é só o dinheiro. Outros recursos também são limitados - o tempo, por exemplo.
Para fazer tudo o que gostaríamos, os dias teriam de ter mais de 24 horas, as semanas mais de 7 dias e os meses precisariam ser maiores. Diante desse dilema, a única saída é fazer escolhas. E a educação financeira e o planejamento financeiro pessoal surgem para nos ajudar a fazer as escolhas que sejam mais adequadas para nossa realidade financeira e, principalmente, para nossos sonhos e objetivos. Ela nos ajuda, então, a adquirir hábitos mais saudáveis em nossa vida financeira, para que haja um equilíbrio entre desejos e necessidades, receitas, projeções e desembolsos.
Mas o que tem a ver educação financeira com empreendedorismo?
Empreendedorismo nada mais é que o ato de empreender – pôr em execução, fazer, realizar. O empreendedor faz novas combinações de elementos, criando novos produtos, serviços, modos de produção, relacionamento com o mercado entre tantos outros. Ele reúne e gerencia recursos diversos para gerar algum tipo de valor.
Os riscos ligados à atividade empreendedora são, geralmente, grandes. Muitos deles ligados ao mercado, mas alguns presentes no próprio comportamento do empreendedor. Quando ele apresenta uma vida financeira desajustada, o risco do seu negócio aumenta consideravelmente.
Misturar o dinheiro pessoal com o da empresa, fazer retiradas superiores ao que a empresa conseguiria suportar e não ter uma reserva para situações inesperadas são exemplos de hábitos que podem comprometer o presente e o equilíbrio futuro das finanças pessoais, da família e do negócio. Por outro lado, empreendedores bem-educados financeiramente trazem para o negócio hábitos saudáveis no trato com o dinheiro. Isso irá ajudar bastante na trajetória do negócio.
A importância de separar as finanças pessoais do empreendedor das finanças do negócio
Uma dificuldade muito comum para boa parte dos empreendedores é separar as contas pessoais e as da empresa. Ao longo do mês acabam pagando suas despesas utilizando a receita da empresa. A desculpa é não ter um salário fixo e, muitas vezes, acabam perdendo o controle.
Esse descontrole financeiro, como mostram pesquisas realizadas junto a empreendedores que fecharam os seus negócios, é uma das principais causas da mortalidade de uma empresa. E qual é a saída para essa situação? Separar a vida financeira da empresa da vida financeira do empreendedor, além de fazer um bom controle em cada uma delas. E como isso é possível?
O primeiro passo é a separação física do dinheiro, distinguindo a conta bancária da empresa da conta pessoal. Assim, os recursos da empresa devem ir para a conta da pessoa jurídica e o dinheiro pessoal para a conta bancária da pessoa física.
Feita essa separação, na empresa é importante que você, como dono do negócio, adote algumas ferramentas de gestão financeira. A primeira delas é o DRE - Demonstrativo de Resultado do Exercício. Nele, você deve registrar o faturamento do negócio em um determinado período (um mês, por exemplo) e todos os custos e despesas incorridos para gerar suas vendas.
Devem ser registrados, nessa ferramenta, os gastos com a fabricação ou aquisição do produto vendido, as despesas administrativas (aluguel, água, luz, telefone, internet, contabilidade, logística e outros), despesas com pessoal (salários e encargos) e despesas com impostos. Dessa forma, você conseguirá apurar o resultado do seu negócio num determinado período.
Ao final, se o faturamento for maior que as despesas, haverá lucro, caso contrário, terá ocorrido prejuízo. A partir dos dados do DRE, também é possível conhecer quais são as despesas mais importantes da empresa, ou seja, aquela que merece maior atenção na gestão. Não importa o porte da empresa. Para qualquer negócio, o DRE é um aliado poderoso para a gestão financeira!
Outra ferramenta importante para o controle financeiro da empresa é o fluxo de caixa. Hoje é bastante comum a oferta de facilidades de pagamento aos clientes, seja pelo cheque pré-datado, cartão de crédito ou crediário. Para o negócio, isso significa que o dinheiro não entra no caixa da empresa no mesmo momento da venda. Considerando essa situação, o fluxo de caixa tem o objetivo de acompanhar a entrada de receita e determinar se os recursos financeiros, que irão cair no caixa da empresa, serão suficientes para pagar os compromissos do negócio.
Já na vida pessoal é importante que você cuide do seu planejamento financeiro pessoal. Com ele é possível melhorar os hábitos na relação com o dinheiro. Um grande erro que pode ser cometido por um empreendedor é determinar o valor da sua retirada conforme suas despesas pessoais.
Atenção, pois, o correto é o contrário. As despesas é que devem seguir o valor do que é retirado pelo empreendedor como pagamento mensal. E para determinar essa quantia é importante refletir bastante sobre suas escolhas e prioridades, além de avaliar sobre a real capacidade da empresa para o pagamento do salário do empreendedor (que é a retirada ou pró-labore). Veja algumas dicas que podem lhe ajudar:
Elabore um orçamento
Liste todos os seus ganhos e todas suas despesas. Para aqueles que já costumam fazer o orçamento do mês, uma sugestão é aumentar o prazo de análise (faça seu orçamento para os próximos seis meses). Faça a previsão dos ganhos e gastos futuros. Também é importante acompanhar se as previsões foram concretizadas.
Mantenha o equilíbrio orçamentário
Não podemos descumprir a lei mais importante da educação financeira. Ela diz que não podemos gastar mais do que ganhamos. Então, estabeleça metas e busque cumpri-las.
Analise seus gastos
Saiba que cada gasto representa uma escolha. E quando realizamos uma escolha, estamos abrindo mão de alguma coisa. Além disso, diminuir os gastos pode ser o caminho para se conseguir o equilíbrio financeiro.
Evite desperdícios em seus gastos
O que é um desperdício? É quando temos um gasto que não traz um benefício. Uma luz acesa em um quarto que não tenha alguém e uma torneira pingando, são desperdícios. Alguns hábitos simples como fazer uma lista antes de ir às compras, pode ajudar.
Procure não cair nas tentações
A cada dia, assistimos vários anúncios publicitários nos estimulando a consumir produtos que, segundo eles, podem melhorar nossa vida. Consuma aquilo que é importante para você e sua família.
Reflita antes de comprar
Responda a três perguntas: Preciso? Tenho dinheiro para a compra? Se não tiver, verifique se há alguma possibilidade de parcelamento que não comprometa o seu orçamento. Preciso adquirir o produto naquele momento? E nunca se esqueça de comparar preços.
Não antecipe consumo
Se for pagar juros para adquirir um bem ou serviço que pode aguardar até que se tenha o valor para compra-lo à vista com desconto, é melhor pensar bem. Os juros podem trabalhar a nosso favor, se investirmos o dinheiro, mas também contra nós, se os pagamos sem que seja uma real necessidade.
Sonhe bastante
Defina quando seus sonhos serão realizados: curto prazo (até 1 ano), no médio prazo (1 a 5 anos) e no longo prazo (mais de 5 anos).
Busque estratégias para realizar os seus sonhos
Procure dimensionar quanto custará o seu sonho. Sabendo em quanto tempo você pretende alcançá-lo, ficará fácil saber quanto você terá que economizar mensalmente.
Converse com sua família sobre a vida financeira de vocês
Escolham seus objetivos. Procurem formas de ajudar um ao outro na busca pela melhoria dos hábitos financeiros.
Preocupe-se com a educação financeira das crianças que te cercam
O processo correto de educação financeira de uma criança deve envolver quatro conceitos importantes: aprender a ganhar, aprender a gastar, aprender a poupar e aprender a doar.
Ter uma vida financeira pessoal saudável pode ser um fator decisivo para o bem-estar orçamentário pessoal e para o sucesso do seu negócio! E um empreendimento prosperando é a melhor notícia que a economia de um país ou de uma cidade podia receber neste momento, não é mesmo! Quando um negócio avança, ele gera mais riqueza para a economia. Nova tecnologia desenvolvida, novos produtos ou serviços lançados ou mais empregos gerados, tudo isso representa mais riqueza no ambiente econômico. E quanto maior a riqueza gerada maiores as possibilidades de desenvolvimento de uma região!