“É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”, afirmou o escritor brasileiro Coelho Neto, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Com a educação financeira não é diferente: o aprendizado começa em casa. É desde cedo que se ensina o valor do dinheiro, e a relação entre pais e filhos é determinante para a construção de uma vida financeira saudável quando os pequenos crescerem.
Pensando nisso, celebramos este Dia dos Pais trazendo uma reflexão sobre os diferentes tipos de pais quando o assunto é dinheiro, e sobre como cada perfil influencia a maneira como os filhos irão se relacionar com esse recurso na vida adulta. Este post é para você que tem filhos pequenos e quer lidar com esse tema e, também, para você que é filho ou filha e ainda está tentando entender melhor de onde vêm alguns de seus hábitos e comportamentos financeiros.
O pai festeiro
Ele gasta tudo o que pode (e, às vezes, o que não pode também) em churrascos com os parentes, banca as festas de formatura e casamento e tudo o que envolve reunir a família. É um verdadeiro paizão, sempre juntando todo mundo para fazer aquela bagunça boa. Mas por gastar mais do que ganha, se enrola com as finanças e acaba entrando no cheque especial, contraindo um crédito atrás do outro ou empurrando todo mês a fatura do cartão.
E quem arca com a festança, muitas vezes, são os filhos. É claro que dar festas e reunir a família é sempre muito bom, mas há diferentes maneiras de fazer isso sem assumir todos os custos. Vale lembrar que manter um padrão de vida que cabe no bolso é uma ótima receita para a prosperidade.
Ao gastar mais do que pode, o pai festeiro não só corre o risco de contrair dívidas, mas também acaba transmitindo a ideia de irresponsabilidade financeira para os filhos. E, no fim, o que importa mesmo – e vai ficar na memória de todos – é o encontro, o carinho e as boas conversas.
Portanto, se você é um pai festeiro, encontre novas formas de aglutinar a turma. Cada um trazer a sua especialidade culinária para o almoço de domingo, por exemplo, pode ser até mais divertido do que você pagar toda a conta. Agora, se você tem um pai com esse perfil, a dica é um convidá-lo para bom papo e trazer o assunto à tona de um jeito leve.
O “paitrocínio”
Ele paga tudo o que o filhão quer, banca o carro, a viagem, a faculdade e até os gastos com o neto. Dá tudo de mão beijada. Embora as intenções sejam as melhores possíveis, essa prática tende a influenciar a perda de noção do valor do dinheiro e a irresponsabilidade em relação à vida financeira. Tudo o que vem muito fácil pode acabar indo embora facilmente também.
A postura do “paitrocínio” pode ser refletir futuramente, no comportamento do filho, de diversas formas. Falta de motivação para buscar o autossustento, batalhar por estágio ou emprego quando chegar a idade certa de trabalhar ou, ainda, ter dificuldades para criar e manter uma reserva financeira são algumas delas.
É claro que pais e mães são provedores e não há nada de errado em pagar uma coisa ou outra para o filho (ou até para o neto): um presente, uma viagem, um curso que ele queira fazer. Mas é preciso estabelecer alguns limites. Que, diga-se, valem também para filhos que são sustentados pelos pais. No post Filhos adultos e as finanças dos pais damos uma série de dicas para identificar e lidar com situações de dependência emocional e financeira que nunca chegam ao fim.
O pai educativo
Ele ensina a cuidar das economias desde criança. Dá um cofrinho, monta uma planilha, explica didaticamente como os juros funcionam e por aí vai. Aos poucos, ajuda o filho a aprender a valorizar o que realmente importa na hora de fazer escolhas financeiras. O pai educativo não dá o peixe: ensina a pescar.
Se você se identifica com esse perfil, saiba que está no caminho certo! Ensinar educação financeira desde cedo é importantíssimo, e tende a reduzir as chances de que os filhos desenvolvam comportamentos irresponsáveis em relação ao dinheiro no futuro.
É claro que há jeitos e jeitos de abordar o assunto, por isso fica a dica: as crianças podem ser distraídas e os jovens, por sua vez, “do contra”. E quando forçamos demais o assunto, é capaz que não absorvam de verdade os ensinamentos. Portanto, faça da educação financeira um tema leve e natural dentro de casa. Dinheiro é parte da vida e as crianças não devem ser privadas dessa conversa.
Se o seu pai é assim, agradeça! Afinal, não é todo mundo que tem o privilégio de ser ensinado desde cedo sobre um tema tão importante. Então, aproveite a disposição do seu coroa e aprenda tudo que puder! Mas caso você sinta que ele está sendo exigente demais, não tenha medo de pedir para ir mais devagar. É certo que com o amor que ele sente por você, um pouquinho mais de leveza e naturalidade só ajudarão você a aprender tudo o que precisa para se tornar um adulto com boa saúde financeira.
O pai controlador
Ele controla tudo: as contas da casa, o consumo de água e energia, os desperdícios de alimentos e por aí vai. Ensina o filho a dar valor ao dinheiro desde muito cedo, mas, às vezes, de um jeito tão extremo que pode levar a criança a desenvolver, no futuro, certo pânico diante da necessidade de tomar decisões financeiras.
E isso pode se refletir lá pelas tantas na vida. Diante da possibilidade de montar um negócio próprio ou fazer outro tipo de investimento, por exemplo, vêm a insegurança e o medo de perder tudo. Nessas situações, vem o pensamento matutando na cabeça: “o que meu pai pensaria?”.
Identificar os desperdícios e economizar é, sim, uma ótima maneira de ensinar as crianças a se tornarem responsáveis com as finanças no futuro. Mas é preciso entender que crianças aprendem mais brincando do que levando broncas, por meio de combinados e da compreensão do que recebendo castigos.
Daí a importância de um bom papo. Vale mais uma explicação dos “porquês”, demonstrando como o controle pode ser uma ótima ferramenta para se conquistar algo depois. Use e abuse dos acordos em vez de impor regras ou atitudes que a criança não entenda bem para que servem.
Concluindo…
Independentemente do tipo de pai que somos ou temos, é preciso valorizar a paternidade, uma relação tão bonita e importante em nossas vidas. Afinal, muito de quem somos é definido pela convivência de pai e filho/filha. Podemos aprender muito por meio do amor paternal, inclusive sobre educação financeira. Aproveite as lições, mas sempre as observe com uma boa dose de senso crítico, procurando repetir os acertos e evitar os erros.
Agora que você terminou a leitura, é hora de compartilhar a matéria com seus colegas, amigos, familiares e, claro, com seu pai e/ou filho! E curta bastante o Dia dos Pais!