Em tempos de desemprego e inflação em alta, o conselho que ouvimos dos especialistas é sempre o mesmo: corte gastos, principalmente com itens de conforto. Mas vamos encarar os fatos, reduzir o padrão de vida é dolorido. Afinal, só você sabe o quanto foi duro conquistar o carro, equipar a casa, contratar a TV a cabo, dar entrada no pacote de viagens, para ter que abrir mão de tudo isso. Será que há alguma alternativa para manter o padrão de vida mesmo durante a crise?
Sim, e a resposta é a economia compartilhada. Com ela, você não precisa tomar decisões radicais como vender seu carro, por exemplo. Pode alugar para outra pessoa nos dias em que ele fica ocioso e usar o dinheiro que receber pelo aluguel para pagar a manutenção ou as prestações do veículo. Não quer abrir mão da casa espaçosa e bem localizada? Alugue um dos cômodos para um turista estrangeiro. Quer fazer um curso de idiomas, mas não tem dinheiro para pagar a mensalidade da escola? Ofereça em troca uma aula de algo que você saiba fazer, como tocar um instrumento ou cozinhar um prato saboroso.
Posse x acesso
O importante nesse conceito não é a posse do produto, mas o acesso ao serviço. Se você compra um carro, na verdade está acessando o serviço mobilidade. Quando compartilha esse produto, outra pessoa pode usufruir do mesmo serviço e pagar por ele a você, sem gastar tanto quanto se comprasse um carro novo.
Essa não é exatamente uma ideia inovadora, mas o que a torna possível é a tecnologia. Ela permite conectar pessoas que têm algo a compartilhar (objetos, bens, talentos, tempo) com os interessados em comprar, alugar, trocar ou pegar emprestado alguns desses itens. O ponto central é eliminar a ociosidade e colocar tudo que já foi produzido em circulação.
8 ideias de aplicativos e ferramentas
1. Mobilidade: Fleety ou Parpe – Tem um carro parado em casa gerando despesas, mas não quer se desfazer dele? Quer usar um carro apenas para viajar ou fazer compras? Essas plataformas conectam proprietários de veículos com possíveis locatários. O sistema tem seguro próprio. O pagamento é feito via cartão de crédito e repassado ao dono do carro. Disponível em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis.
2. Hospedagem: Airbnb ou Couchsurfing – Tem um cômodo sobrando em casa ou um imóvel que você só usa às vezes? Quer se hospedar com conforto e baixo custo (ou até mesmo de graça)? Essas ferramentas conectam anfitriões com potenciais hóspedes em mais de 190 países do mundo.
3. Tempo, talento e conhecimento: Bliive – Quer aprender algo novo, mas não tem dinheiro para investir em um curso? Tem algo a ensinar e tempo para trocar? O Bliive é um banco de horas: você deposita seu tempo e talento, oferece aulas sobre algo que sabe e usa suas “horas de crédito” em troca de novos conhecimentos.
4. Conforto para animais de estimação: DogHero – Precisa de alguém que cuide do seu cãozinho por uns dias, mas está sem grana para pagar um hotel especial? Tem espaço em casa sobrando, adora bichinhos e precisa levantar um dinheiro extra? Com essa plataforma, anfitriões e donos de cães e gatos se conectam para hospedar seus pets com conforto e economia.
5. Utilidades domésticas: Tem Açúcar? ou Ciranda – Precisa de uma furadeira para pendurar alguns quadros? Que tal dar um uso àquela barraca de acampamento parada em casa? Com essas ferramentas, vizinhos se conectam para emprestar objetos, utensílios e materiais do dia a dia entre si.
6. Local de trabalho: Coworking Brasil – Precisa de espaço para desenvolver um projeto curto, trabalho independente ou empreendimento, mas está difícil alugar um escritório tradicional? Tem um imóvel sobrando que pode ser usado como local de trabalho? Essa plataforma conecta espaços ociosos no Brasil com pequenos e médios empreendedores para reduzir seus custos com locação.
7. Roupas: House of Bubbles – Tem peças esquecidas no fundo das gavetas e quer um trocar por roupas novas de grifes cobiçadas? Com planos a partir de R$ 100, você pode usar até 6 peças novas todo mês ou negociar suas peças com as sócias da roupateca.
8. Tudo: Consumo Colaborativo – Quer saber onde encontrar mais sites, aplicativos e ferramentas de economia compartilhada e consumo colaborativo? Acesse essa plataforma e veja outras ideias para fazer circular objetos sem uso ou acessar o que está ocioso.