O Brasil é o primeiro país do mundo em empreendedorismo, segundo a edição 2020 da pesquisa global de empreendedorismo GEM ? Global Monitor Entrepeneur, que monitora o setor ao redor do globo. Oito em cada dez brasileiros estão empreendendo, ou começando a empreender, segundo o estudo. Ficamos à frente de países como os Estados Unidos (2º colocado no ranking da GEM) e a Austrália (3º).
Somente nos quatro primeiros meses de 2020, foram abertas quase 700 mil empresas, segundos dados do governo. Boa parte delas são microempreendimentos individuais, ou seja, pessoas que iniciam seu próprio negócio por oportunidade ou necessidade. Isso sem contar os empreendimentos informais, como artesanato, produção e revenda de roupas, cosméticos, alimentos e bebidas, mantidos por pessoas que estão fora das estatísticas, mas também fazem a economia girar.
Se, por um lado, não falta disposição e criatividade para empreender, por outro, também é alto o número de empresas que fecham as portas. De acordo com o Sebrae, cerca de um quarto das empresas encerram suas atividades antes de completarem dois anos de vida. Entre os motivos para esse índice de ?mortalidade empresarial?, estão os problemas financeiros.
A dificuldade de controlar fluxo de caixa, a falta de capital de giro e a mistura das contas pessoais com as contas do negócio são algumas das causas que fazem com que os sonhos de muitos empreendedores fiquem pelo caminho.
Por isso, se você já tem ou pretende montar um negócio, além de ser competente no que faz, precisa gerir bem duas finanças: as de seu negócio e as pessoais ou familiares. Quando esse duplo cuidado não é tomado, o risco de uma prejudicar a outra é grande. Confira a seguir 6 razões para fazer isso.
1. Conhecer o custo e calcular corretamente o preço de venda
Quando alguém abre ou inicia um negócio, é como se nascesse uma nova pessoa. Uma empresa é um ente jurídico, com documentação e vida própria. Como qualquer indivíduo que trabalhe, ela terá algumas receitas (entradas) e despesas (saídas de dinheiro) que devem estar totalmente separadas das suas contas pessoais.
Essa separação é fundamental para ajudar você a definir preços, calcular seus lucros, reinvestir no negócio e planejar seus próximos passos como empreendedor. Quer um exemplo? Imagine uma pessoa que faz bolos para vender, mas quando ela vai ao mercado, compra os ingredientes de seus produtos junto com as mercadorias para o consumo de sua família. Como ela saberá quanto custa produzir cada pedaço de bolo, se não souber quanto gastou com os ingredientes? Sem saber o custo, como irá definir um preço de venda que garanta lucro? A falta de informação pode fazer com que ela acabe vendendo a fatia de bolo por um preço menor do que pagou para assá-lo. E ver seu lucro virar farelo.
Por isso, uma boa dica é definir dias de compras diferentes para a empresa e para casa. Outra ideia é ter conta corrente e cartão de débito exclusivo para as despesas do negócio. Assim, você não mistura as contas e sabe exatamente quanto seu empreendimento custa para seu bolso.
2. Não ficar refém das variações nas vendas
Com o aumento do desemprego, muitas pessoas que antes trabalhavam com carteira assinada resolveram abrir negócios por necessidade. Embora sejam empreendedores agora, continuam vivendo como assalariadas, ou seja, agem como se todo mês fosse entrar a mesma quantia de dinheiro.
A renda de uma empresa é variável, isso significa que o valor que entra em um mês nunca será exatamente igual ao do mês anterior. Acontece que muitas contas são fixas, como aluguel, pagamento de funcionários, contador, etc. Por isso mesmo, é importante que a empresa tenha capital de giro para continuar existindo e operando, sem prejudicar as finanças do dono do negócio. Sem dinheiro em caixa, fica impossível pagar as contas em dia, comprar novos insumos e produtos ou investir em melhorias.
Nesses casos, muitas vezes o empreendedor tira dinheiro de sua conta corrente pessoal para manter o negócio funcionando, quando deveria ter um caixa para suprir as despesas do dia a dia de sua empresa.
Se você pensa em montar um negócio, faça uma projeção do valor necessário mensalmente para pagar as despesas fixas e monte um caixa equivalente a pelo menos três meses dessas contas, assim você não fica refém da variação nas vendas.
3. Ter uma reserva de emergência
Quando alguém fica doente e a família não tem reserva financeira, pode acabar tomando crédito sem planejamento, atrasando contas ou entrando em dívidas de juros altos.
Assim como você, a empresa também pode sofrer com imprevistos. Mudanças no mercado, crises econômicas, quebra de equipamentos, perda de clientes, acidentes, entre outros, podem gerar consequências negativas para o negócio e, de quebra, para o empreendedor. Por isso, é fundamental criar um fundo de emergência para cobrir gastos inesperados.
Mesmo que você comece o negócio sem esse fundo, vá montando aos poucos, investindo uma parte do seu lucro em uma aplicação com alta liquidez, ou seja, que você possa dispor do dinheiro quando precisar.
4. Conseguir taxas melhores em empréstimos
Muitos empreendedores, por falta de informação adequada, acabam utilizando crédito pessoal ou cartão de crédito para comprar matéria-prima, equipamentos, investir em melhorias ou ampliar seus negócios.
Por ser pessoa jurídica, a empresa também conta com produtos específicos, com prazos, juros e condições diferenciadas daquelas oferecidas para pessoas físicas. Assim, antes de tomar crédito, vale a pena estudar diversas alternativas. Veja também: Como ter crédito mais barato para o seu pequeno negócio.
5. Construir seu projeto de vida
Tão importante quanto gerir bem as contas da empresa, é manter o orçamento familiar sob controle. Mesmo que seu negócio prospere e traga lucro, é o equilíbrio das contas pessoais que vai permitir que você realize seus sonhos, como ter uma casa própria, fazer uma faculdade ou construir um patrimônio para garantir a segurança de seus filhos, por exemplo.
Tirar dinheiro da empresa para cobrir dívidas pessoais é como ?dar um tiro no pé?. Durante um curto período, essa medida poderá lhe dar fôlego, mas no longo prazo, irá comprometer suas chances de prosperar ainda mais.
A dica é definir um valor mensal que você poderá utilizar do lucro da empresa para custear sua vida pessoal, como se fosse um salário. É importante também investir tempo para controlar bem suas contas e planejar muito bem antes de assumir dívidas.
6. Investir em seu crescimento e desenvolvimento
Para que seu empreendimento possa ir longe, é fundamental manter-se atualizado sobre as novidades, participar de eventos, fazer cursos de aperfeiçoamento, investir em divulgação e implementar melhorias. Manter as contas da empresa e da sua casa em dia pode lhe trazer fôlego financeiro para você seguir prosperando e conquistar o sucesso que merece.
Empreendedor, suas contas merecem o dobro de atenção
6 razões para cuidar bem de duas finanças: do negócio e da família
20 de dezembro de 2020 • 9 min. leitura
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