Veja o que fazer com seu dinheiro nesse momento de incertezas
Em meio aos cuidados com a saúde, a descoberta de novos hábitos para lidar com a quarentena e a preocupação com as contas do próximo mês, surgem as dúvidas sobre o que fazer com o dinheiro que já está investido ou com a quantia que vai entrar e que pode ir para alguma aplicação. Tomar decisões sobre investimento nesse momento gera uma série de preocupações. Confira algumas orientações que podem ajudar você a fazer suas escolhas nesse momento.
Para quem já tem dinheiro aplicado
Antes da pandemia, vivíamos uma fase de queda
de juros, que estava levando as pessoas a trocarem aplicações mais
conservadoras, como poupança, tesouro Selic e fundos DI por outras mais
arriscadas, como fundos imobiliários e ações, com a promessa de receber
retornos melhores.
Aí está o maior equívoco na hora de
selecionar investimentos: escolher apenas pela rentabilidade. O ideal é diversificar,
mantendo sempre uma reserva de dinheiro guardado em aplicações que você pode
sacar para uso imediato, mesmo que elas tenham uma rentabilidade menor. São elas
que irão socorrer o investidor nas incertezas e imprevistos. E investir apenas
uma parte dos recursos em aplicações de maior risco.
Ações: se você não tomou esse cuidado e acabou
trocando investimentos conservadores por outros mais arriscados, como ações,
por exemplo, esse momento pede muita cautela. Isso porque o Ibovespa, índice
que mostra a cotação média de preços das ações negociadas na bolsa de valores,
que já esteve em 120 mil pontos, chegou a cair aos 55 mil pontos. O Ibovespa
oscila diariamente e pode ter quedas significativas de uma hora para outra. Por
isso, se você não precisa do dinheiro que está investido em ações, o ideal é
não vender papéis nesse momento, porque você pode perder dinheiro.
Fundos de
alto risco: o mesmo
ocorre com fundos imobiliários, fundos multimercados e outras aplicações de
alto risco. A probabilidade de terem resultado negativo nesse momento é muito
alta. Por isso, a recomendação é não mexer no dinheiro aplicado e aguardar a
“onda” passar, quando provavelmente a economia voltará a reagir e a
rentabilidade dessas aplicações voltará a subir.
Aplicações conservadoras: caso sua renda tenha caído e você precisa de dinheiro para pagar as contas do dia a dia, deve sacar de aplicações como a poupança, o Tesouro Selic, os CDBs de liquidez diária ou os fundos DI. Se não tiver aplicações desse tipo e todo seu dinheiro estiver em aplicações mais arriscadas, se precisar utilizá-lo, infelizmente terá algum prejuízo. Caso você tenha comprado dólares, talvez seja o momento de aproveitar a alta para vender e realizar algum lucro.
Para quem está planejando investir
Para quem recebeu algum recurso extra, como participação
nos lucros ou saque de contas inativas do FGTS, por exemplo, a recomendação é primeiro
olhar sua reserva de emergência, ou seja, o dinheiro que você tem aplicado em
poupança, tesouro Selic, fundo DI ou CDB com liquidez diária. Se o montante for
menor do que o suficiente para bancar suas despesas por seis meses, o ideal é
investir em aplicações conservadoras, para reforçar sua retaguarda nos próximos
meses.
Mesmo que sua reserva de emergências seja
suficiente para cobrir seus gastos por pelo menos seis meses, vale a pena
separar uma parte do dinheiro para essa finalidade. A outra parte pode ser
usada para aproveitar possíveis oportunidades, como a compra de ações e títulos
de fundos imobiliários que agora estão mais baratos. Relembrando: é fundamental
usar aquele dinheiro que você não irá necessitar nos próximos meses, pois esses
investimentos ainda podem oscilar muito. Uma forma de evitar assumir tanto
risco pode ser a compra de cotas de fundos de ações, pois as decisões são
tomadas por gestores experientes.
Outra opção interessante pode ser a compra de
bens móveis (carros, máquinas e equipamentos, por exemplo). Nesse momento, as
pessoas que não têm reservas podem querer se livrar de bens para pagar suas contas
e isso pode trazer oportunidades para quem tem dinheiro na mão de adquirir bens
por preços mais em conta e depois vendê-los. Lembre-se que essa fase pode durar
um longo tempo, e você terá que esperar se quiser ter lucro.
Se você tem uma cota de consórcio ativa, um dinheiro extra pode ser bem-vindo para ofertar lances mais baixos, já que a maioria das pessoas irá segurar seu dinheiro e as ofertas de lance tendem a cair. Se for contemplado, poderá liberar a carta de crédito e comprar automóveis ou imóveis com valores mais acessíveis, em um momento de baixa.
Cuidados e precauções
Independente do que você decidir sobre seus
investimentos, leve em conta alguns cuidados que são importantes em qualquer
momento, em especial neste cenário de incertezas.
Tome suas
decisões com base em seus objetivos de curto, médio e longo prazo: independentemente do que acontece no mundo,
suas decisões de investimento devem refletir seus sonhos e metas. Avalie a
finalidade de cada aplicação para garantir que seus objetivos sejam atingidos.
Observe a
liquidez dos investimentos que você escolher: alguns fundos de ações e multimercado exigem
de 30 a 60 dias para o resgate. Nesse momento, é fundamental garantir que você
possa transformar suas aplicações em dinheiro vivo, para pagar as contas
básicas nos próximos meses. Só faça esse tipo de aplicação se sua reserva de
emergências estiver garantida.
Diversifique: mais do que nunca, é perigoso apostar todas
as fichas em um único produto, pois todos os mercados estão oscilando bastante.
Procure separar o dinheiro em diferentes aplicações, uma parte em renda fixa,
outra em fundos e outra em renda variável, como ações, ouro, dólar e outros
ativos de risco. Não coloque todos os ovos na mesma cesta.
Compre aos
poucos: se você pretende comprar ações,
não corra para comprar tudo de uma única tacada. Distribua suas compras nos
próximos meses, para aproveitar os momentos de baixa, pois o mesmo preço que
parece barato hoje pode ser caro amanhã. As oscilações são diárias, então
movimente-se devagar e escolha empresas sólidas, com marcas fortes e estrutura
para suportar a crise e voltar a crescer nos próximos anos.
Cuidado com
soluções mágicas: nestes
momentos, é muito comum aparecerem oportunistas querendo oferecer ‘lucro
certo’, dinheiro rápido e alto retorno. Desconfie de receitas de bolo e
soluções milagrosas, pois todos estamos vivendo incertezas, não há como
prometer nada a ninguém.
Não tenha
medo do mercado financeiro: muitas
pessoas tendem a ficar desconfiadas do sistema e retirar suas economias dos
bancos para guardar em casa, com medo de que o pânico possa afetar seus
investimentos. O sistema financeiro brasileiro é sólido, o governo está tomando
medidas para que os bancos possam liberar recursos para o mercado e a economia
brasileira tem reservas suficientes para socorrer empresas e pessoas físicas
nesta crise, portanto não há motivo para desespero ou ações irracionais.
Fique em casa e preocupe-se apenas em cuidar de sua saúde e de sua família.