A casa própria figura no topo da lista dos sonhos dos brasileiros. Quem consegue se organizar e juntar algum dinheiro pensa logo em dar entrada em um imóvel e financiar o restante. Se você está nessa situação saiba que, com os juros altos e a crise atual, torrar a poupança e contrair uma dívida com a qual irá arcar por vinte, trinta anos pode não ser a melhor opção. Pelo menos do ponto de vista financeiro.
Morar de aluguel pode, sim, ser uma alternativa mais vantajosa e quem acredita que pagar aluguel é jogar dinheiro fora pode estar perdendo a oportunidade de aumentar seu patrimônio. Isso em razão de alguns fatores. O primeiro deles é que os preços dos imóveis tiveram um aumento expressivo entre 2011 e 2014 e, apesar de estarem em queda, ainda estão bastante elevados.
O valor dos aluguéis, por sua vez, tem diminuído. Entre maio de 2015 e maio de 2016, a queda chegou a 13,21%, de acordo com o índice Fipe/Zap. Outro fator importante é a taxa de juros, a maior dos últimos anos, que faz o dinheiro aplicado render e, por outro lado, encarece o financiamento.
A questão é saber quando alugar vale mais a pena que comprar. Convidamos a economista e planejadora financeira Paula Sauer para orientar sobre como fazer esse cálculo. A regra básica, ela explica, é a seguinte:
Para conhecer o rendimento da poupança, clique aqui. Se preferir, use a Calculadora Fipe/Zap, que faz as contas para você.
Os exemplos abaixo facilitam a comparação entre o financiamento e o aluguel e servem de referência para que você mesmo faça as suas contas.
Para fazer os cálculos acima, usamos a Calculadora do Cidadão, do Banco Central. Lembre-se:
- O momento é bom para investir: Os cálculos acima foram feitos com base no rendimento da poupança. Mas há várias outras opções de investimentos, como os fundos de renda fixa, os CDBs e o Tesouro Direto, que você pode conhecer melhor nesta matéria aqui.
- Faça de conta que financiou: Como você viu, guardar a diferença entre o que pagaria de prestação e o que paga de aluguel é um caminho para o enriquecimento. Para isso, é preciso adotar a mesma disciplina que você teria se contratasse o financiamento.
Há muitas outras questões envolvidas na opção pela compra de um imóvel. Confira as dicas de Paula Sauer para algumas delas:
- Segurança do investimento: “A ideia de que imóvel é o investimento mais seguro que existe é irreal”, diz a economista. “Na verdade, é um dos investimentos mais arriscados porque gera gastos de manutenção, tem uma depreciação de cerca de 1% ao ano e não oferece disponibilidade imediata. Ou seja, se precisar do dinheiro, você terá de vender o imóvel a um preço abaixo do mercado para conseguir vender mais rápido”.
- Fixando raízes: Se você tem dúvidas sobre o local em que deseja morar, tem a chance de ser transferido na empresa em que trabalha ou pretende passar uma temporada mais longa em outra cidade ou país, nem pestaneje: o melhor para você é alugar.
- A família vai crescer: Você tem planos de casar e ter filhos? O ideal é ficar no aluguel e se organizar para ter um imóvel de tamanho ideal no futuro. Até lá, guarde dinheiro para dar uma entrada mais parruda ou, quem sabe, comprar à vista.
- Vou financiar: Se essa for a sua opção, fique muito atento ao valor da prestação. “Nunca comprometa mais de 30% de sua renda familiar com o pagamento do financiamento imobiliário”, orienta Paula. A chance de ficar desempregado também precisa ser considerada.