Dicas para evitar que as dificuldades deste momento atrapalhem os relacionamentos em família
A revista Pais&Filhos publicou, em 1º de junho de 2020, um mapeamento da situação das famílias em sete países durante a pandemia do Covid-19. A partir de termos mais pesquisados no Google e de entrevistas com advogados que atuam em direito da família no Brasil, em Portugal, nos Estados Unidos e na China, Itália, Austrália e África do Sul, o levantamento identificou um aumento expressivo no número de divórcios nesse período.
No Brasil, houve em abril deste ano um aumento de 177% na procura por advogados em um escritório especializado em divórcios, em comparação com o mesmo período no passado. Ou seja, mais casais decidiram se separar por conflitos ocorridos durante o período de isolamento social.
No levantamento de buscas feitas no Google, em março, foi registrado um aumento de 82% na pergunta “como dar entrada no divórcio?” no país. Já em abril, houve um salto de 9.900% nas buscas pelo termo “divórcio online gratuito”. Esse fenômeno não afeta apenas os brasileiros, mas as famílias em todos os países pesquisados pela Pais&Filhos.
Os desafios dos casais confinados vão desde a divisão de tarefas, que se multiplicaram com os filhos em casa, até as questões financeiras, que também se agravaram devido ao aumento do desemprego e ao fechamento de vários negócios no período. Um estudo feito pela Kansas State University com 4,5 mil casais constatou que as questões financeiras são a maior causa de divórcios na população norte-americana.
Aqui no Brasil, uma pesquisa feita em 2019 pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, em parceria com o Banco Central, apontou que 46% dos casais brasileiros brigam por questões financeiras. Numa crise como a que estamos vivendo, as questões ficam ainda mais acirradas. Mas, afinal, o que fazer para superar as adversidades e reduzir os impactos da crise na relação conjugal? Veja algumas dicas a seguir.
1. Acolham e reconheçam os sentimentos envolvidos
A pandemia do coronavírus virou a rotina das famílias de cabeça para baixo e abalou os sentimentos de todo mundo. O distanciamento de familiares, a insegurança financeira, a saúde em risco e o confinamento das famílias causam reações diferentes em cada pessoa. Algumas paralisam de medo, outras ficam mais irritadas e outras ainda se sentem motivadas e enxergam o desafio como impulso para se reinventar. Não dá para julgar o outro nesse momento, o importante é acolher, ter empatia e compreensão, pois por mais difícil que seja esta fase, ela é passageira. E sem apoio familiar, os problemas financeiros só se agravam, gerando ainda mais conflitos.
2. Conversem, sem jugar ou culpar
A dica é respirar e procurar se acalmar antes de conversar com o(a) parceiro(a) sobre as finanças. Evite culpar o outro por não ter feito uma reserva ou por ter gastado com aquela TV nova no ano passado, afinal, ninguém poderia imaginar que viveríamos uma situação como a atual. Reúna-se com ele(a) para fazer uma lista de sentimentos que os afligem nesse momento, como frustração, medo, insegurança, raiva, tristeza e procure não julgar, apenas aceite que esses sentimentos estão presentes na vida do casal neste momento. Depois de ler com atenção e reconhecer cada emoção, rasguem ou queimem juntos a lista para simbolizar o desejo de superar decisões tomadas de forma impulsiva. Quando estamos dominados pelas emoções, é impossível pensar com clareza, como você confere na matéria Escolhas racionais ou emocionais. Por isso reconhecer e acolhê-las é o primeiro passo para liberar a mente e começar a criar soluções.
3. Peçam ajuda para mapear a situação financeira do casal e da família
Com a cabeça mais fria, é hora de colocar a mão na massa. Comecem fazendo um mapeamento de como está a situação financeira do casal, da família e da rede mais ampla, como pais, irmãos, tios, padrinhos e amigos próximos. É importante entender quem teve mais impactos com a pandemia e quem está mais tranquilo nesse momento e pode até ajudar vocês a se organizarem financeiramente até a crise passar. Lembrem-se que essa ajuda não precisa ser necessariamente financeira, mas um apoio emocional ou uma mediação do conflito. Muitas vezes, é preciso alguém de fora para enxergar o quadro geral e ajudar o casal a se comunicar, fazer as contas juntos, listar as dívidas e organizar as informações. Outra dica é pedir auxílio a um profissional da área. Saiba mais na matéria Como um consultor financeiro pode ajudar sua família a prosperar.
4. Coloquem as contas no papel
Juntos ou com o apoio de alguém de confiança, é hora de colocar as contas no papel, listando as entradas, as saídas, as dívidas e os bens do patrimônio que podem ser utilizados para quitar débitos ou gerar renda extra. Na matéria Fazer o orçamento nunca foi tão importante, você encontra o passo a passo, além de tabelas, listas e diversas ferramentas para ajudá-los a organizar as finanças. É importante escolher um momento tranquilo para essa atividade, pois ela pode levar um certo tempo e a pressa ou a preocupação com as tarefas domésticas podem afetar os nervos e gerar mais discussões. Outra dica é dividir as funções de controlar as finanças entre o casal, conforme as habilidades de cada um. A pessoa mais organizada da dupla pode ficar com a tarefa de listar todas as despesas na planilha ou no aplicativo de finanças pessoais e a outra pode analisar os gastos e propor metas de economia para o casal.
5. Criem alternativas juntos
Depois de encarar a situação financeira, é hora de arregaçar as mangas para pensar em como resolver os problemas. Chamem as crianças e façam uma chuva de ideias, ou seja, anotem qualquer solução que vier à mente para quitar dívidas, reduzir gastos ou gerar renda. Não vale julgar ou criticar as ideias, apenas escrevam e analisem depois o que é viável ou possível. Lembrem-se que várias cabeças pensam melhor do que uma, por isso a união ainda é a melhor saída para tirar a família de qualquer dificuldade. Algumas ideias de negócios para começar em casa durante a pandemia.
6. Celebrem as conquistas
Cada passo dado no caminho da prosperidade é um motivo para comemorar. A cada parcela paga, renda extra que entrar ou dívida quitada, vale a pena aproveitar o momento para reforçar os laços entre vocês com um jantar gostoso, uma música alegre ou uma noite romântica. Valorize o que realmente importa, celebre a vida, a saúde e a família e deixe as brigas para lá.
7. Não deixem a conversa para depois
É muito importante dialogar frequentemente sobre as finanças, os planos, as prioridades e as dívidas. Se o casal só conversa sobre as contas quando elas já se acumulam ou estão saindo do controle, a chance de uma briga é muito maior. Quando o diálogo é um hábito, os assuntos são resolvidos assim que aparecem, e não se transformam em bolas de neve. Confira algumas dicas para abordar o assunto de um jeito leve na matéria Falar sobre finanças é o melhor remédio.