Reciclagem de lixo eletrônico

Problema ambiental pode representar oportunidade de negócio para empreendedores

23 de abril de 2019 6 min. leitura

Problema ambiental pode representar oportunidade de negócio para empreendedores

A cada ano, um número gigantesco de equipamentos e acessórios são descartados porque quebram ou ficam obsoletos: computadores, celulares, tablets, impressoras, monitores, câmeras fotográficas, aparelhos de TV, máquinas de lavar, micro-ondas, torradeiras, cartuchos e baterias, entre outros. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são acumuladas a cada ano no planeta.

Com os avanços da tecnologia, a quantidade de lixo eletrônico vai continuar a subir. É o que mostra o relatório Uma Nova Visão Circular para os Eletrônicos (disponível apenas em Inglês), produzido pela Plataforma para Aceleração da Economia Circular e pela Coalização das Nações Unidas sobre Lixo Eletrônico. Divulgado no início de 2019, o relatório mostra que, em 2050, o nível global de lixo eletrônico deverá alcançar 120 milhões de toneladas.

O documento estima que o valor anual dos resíduos descartados, hoje, é superior a 62,5 bilhões de dólares, mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) de muitos países. No entanto, menos de 20% do lixo eletrônico produzido no mundo é adequadamente reciclado. Os 80% restantes acabam indo parar em aterros sanitários, com riscos de contaminação do solo e dos lençóis freáticos por substâncias tóxicas e cancerígenas, como mercúrio, níquel, cádmio e chumbo.

Oportunidade de ouro

No Brasil, a cada ano, é produzida 1,4 milhão de tonelada de lixo eletrônico – cerca de 7 quilos por pessoa –, segundo a iniciativa Separe. Não pare, mantida pela Coalizão de Embalagens e pela ONU Meio Ambiente. Aproximadamente 88% desse total é depositado em aterros sanitários.

Um problemão ambiental que pode representar uma oportunidade de negócio para empreendedores. Muitos itens classificados como lixo eletrônico contêm materiais valiosos. Os fios, por exemplo, são à base de plástico e cobre. As placas e chips de computadores e celulares têm quantidades muito pequenas de ouro, prata e platina que, acumulados, podem somar um valor considerável. Outros metais, além de partes e peças, podem ser recuperados e reaproveitados.

Não é à toa que surgem, em todo o mundo, negócios nessa área. Com seu trabalho, as empresas de reciclagem de eletroeletrônicos promovem a chamada economia circular, que possibilita que os recursos empregados na fabricação dos materiais sejam reutilizados de maneira a minimizar os impactos ambientais e a criar empregos.

Conheça o mercado e como ele funciona

Antes de se aventurar em qualquer empreendimento, é preciso conhecer as regras de funcionamento de cada mercado. Na reciclagem de eletrônicos, não é diferente. Para atuar nesse segmento, a empresa precisa obter licenciamento ambiental de órgãos como Ibama e secretaria estadual de meio ambiente, alvará de licença sanitária e respeitar as regras das secretarias estaduais e municipais de Saúde.

Esse mercado é regulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei 12.305/2010 – que estabelece a responsabilidade compartilhada entre fabricantes, importadores, comerciantes e os cidadãos no manejo dos resíduos sólidos urbanos.

No e-book Como montar um serviço de reciclagem de eletrônicos, o Sebrae ensina o passo a passo para estruturação de negócios nessa área. As dicas e orientações vão desde o dimensionamento da estrutura e equipe, equipamentos necessários, matérias-primas e processo produtivo até processos de venda, distribuição e organização financeira.

Você também pode aprender os meandros desse negócio em outros cursos, como o de Resíduos Eletrônicos & Reciclagem, que fornece uma visão geral do mercado, e o de Tecnologias de Reciclagem de Resíduos Eletrônicos, que qualifica profissionais para montarem uma linha de processamento de resíduos e recuperação de materiais. Ambos são ministrados pelo Portal dos Resíduos. Faça uma busca na internet para encontrar outros cursos em sua região.

5 negócios de reciclagem de eletrônicos para você se inspirar

Tech Trash: fundada em 2017 pelo engenheiro Caio Miranda, no Rio de Janeiro, a empresa atua em quatro frentes: instalação e gestão de pontos de coleta de lixo eletrônico em empresas, realização de campanhas de descarte ecológico, coleta domiciliar e projetos de inclusão digital (doação de computadores em bom estado para instituições sociais).

Sinctronics: criada em 2012 em Sorocaba (SP), a empresa coleta e transforma eletrônicos em matéria-prima e peças para novos produtos. A empresa oferece soluções de logística reversa, processamento dos materiais, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, inclusão social e educação ambiental.

Eixo-TI: a start-up atua no ciclo completo de reciclagem de equipamentos eletroeletrônicos. Faz a coleta, desmonta e separa os materiais a serem reaproveitados e, por fim, recicla. A sucata eletrônica é processada em um conjunto de trituradores, moinhos e divisores de amostras. Os materiais são submetidos a processos de fusão, pulverização e peneiramento, dependendo de sua composição, e recuperados.

Ecobraz: faz coleta de lixo eletrônico em empresas, separa todos os componentes e os encaminha para companhias especializadas na reciclagem de cada tipo de material.

Nova Recicle: coleta resíduos em empresas em todo o território nacional, faz a destruição de dados, separa e recupera os materiais por meio da reciclagem. Atua, também, como terceirizada nos processos de logística reversa de fabricantes, importadores e grandes consumidores de eletroeletrônicos.

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