Porque a floresta está na ordem do dia e como seu dinheiro pode ajudar a proteger nossa maior riqueza
Nunca se falou tanto sobre a Amazônia e a preservação de nossas florestas. O tema está nos telejornais, minisséries, documentários, palestras, debates e abaixo-assinados que mobilizam as redes sociais. Não é para menos. A Amazônia possui a maior biodiversidade do mundo, com cerca de 60 mil diferentes espécies de plantas e animais e concentra um quinto da água doce do planeta.
Esse ambiente produz diariamente uma quantidade gigantesca de água na forma de vapor, que se espalha pela atmosfera e se transforma em chuva em várias regiões do Brasil e em outros países da América do Sul, ajudando a manter as reservas de água que abastecem as torneiras e irrigam os alimentos que chegam às mesas de milhões de pessoas.
Proteger essa riqueza significa, assim, cuidar de nossa própria existência, por mais distante que a gente esteja da floresta. A boa notícia é que a população brasileira está cada vez mais consciente dessa necessidade. É o que mostra a pesquisa A importância da Amazônia para o Brasil, os brasileiros e o mundo, feita em agosto de 2020 pelo Observatório Febraban.
A floresta em nossas vidas
Entre os 1,2 mil entrevistados na pesquisa, 88% afirmaram estar preocupados com a preservação das florestas; 77% disseram que consideram a Amazônia muito importante para o Brasil e, para 72%, ela é muito importante para as suas vidas e para as vidas de suas famílias.
O estudo revela que 95% das pessoas acreditam que preservar a Amazônia é essencial para a identidade brasileira e 78% que a proteção do meio ambiente deve ter prioridade mesmo que isso signifique diminuir o crescimento da economia. A maioria (83%) também se mostra insatisfeita com o que vem sendo feito para proteger nossas florestas.
O que cada um de nós pode fazer
A realidade é que a Amazônia e suas populações tradicionais vivem sob constante ameaça e conter esse processo é um desafio de toda a sociedade. Mas o que cada um de nós pode fazer, na prática, diante dessa questão? Uma maneira é usar nossa força, como consumidores e cidadãos, para ajudar a fortalecer a economia sustentável na região.
Há na Amazônia muitos empreendedores que transformam frutos, sementes, fibras, óleos, raízes e outras matérias-primas naturais em alimentos, roupas, calçados, cestarias, biojoias, objetos têxteis, utilitários e de decoração, entre outros. Ao mesmo tempo em que trabalham para garantir sua sobrevivência e melhorar a qualidade de vida em suas comunidades, eles ajudam a proteger os recursos naturais e a manter a floresta em pé.
Esses empreendedores enfrentam dificuldades para distribuir seus produtos, em função das grandes distâncias entre os locais de produção e os principais mercados consumidores. Contudo, com o apoio de organizações sociais e empresas, eles têm conseguido colocar artigos em supermercados e outras lojas físicas e online em todo o Brasil, tornando-os acessíveis a todos nós. Muitos eles estão disponíveis nas seções de produtos sustentáveis de marketplaces como o Mercado Livre e as Lojas Americanas.
Veja algumas dicas de produtos – há muitos outros, basta fazer uma busca por “produtos sustentáveis da Amazônia” para encontrar. Confira, também, outras maneiras de apoiar esse movimento.
1. Descubra novos sabores
A Amazônia guarda uma variedade incrível de sabores que têm sido aproveitados por empreendimentos que distribuem para todo o Brasil alimentos produzidos em parceria com pequenos produtores que vivem e trabalham dentro da floresta. Relíquias como o Tucupi, Taperebá, Cumaru e feijão manteiguinha podem ajudar a transformar um almoço em uma experiência gastronômica inesquecível.
A Manioca, por exemplo, criou o Molho de Tucupi Preto, que pode substituir o shoyu ou o molho inglês e pode ser consumido em saladas, carnes e até em drinks e sobremesas. Você também pode experimentar a granola de tapioca com castanhas e as geleias de priprioca ou cacau, entre outras delícias oferecidas pela marca em todo o país.
Já o Peabiru Produtos da Floresta tem como principal foco a comercialização de mel de abelha sem ferrão, mas também vende chocolates, geleias de cacau, açaí, doce de cupuaçu, molhos e outros itens produzidos com manejo sustentável por quase mil famílias de cerca de 60 comunidades da Amazônia.
2. Cafezinho agroflorestal
Café orgânico produzido na Amazônia em sistema agroflorestal, que alia agricultura e preservação da floresta. O Café Agroflorestal Apuí nasceu dessa ideia. A produção envolve agricultores familiares de Apuí, no Sul do Amazonas, e é feita sem o uso de produtos químicos, em árvores nativas que estavam praticamente abandonadas e foram recuperadas pelo projeto. Descubra como ele nasceu e ganhou o mundo.
3. Chocolate orgânico
Planta nativa que cresce na sombra das árvores, o cacau é outra preciosidade da Amazônia. Há, atualmente, várias empresas que trabalham em parceria com comunidades locais na melhoria da produtividade e da qualidade dos frutos para a produção de chocolates orgânicos. Além de gerar renda, elas contribuem para a fixação das famílias no campo. Uma delas é a Cacauway, que processa o cacau produzido pela Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica, transformando-o em chocolate em pó, barras e trufas que são vendidos em todo o Brasil.
4. Objetos e peças de decoração
O artesanato da Amazônia é de uma riqueza ímpar. Cada comunidade usa técnicas ancestrais para produzir cestarias e outros objetos trançados com fibras naturais e coloridos com pigmentos à base de plantas. A Assaí – Associação dos Artesãos Indígenas de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, comercializa cestos, fruteiras e outros objetos para enfeitar a casa e presentear.
Outro exemplo é a Associação de Mulheres Indígenas do Alto do Rio Negro, que envolve mais de 600 mulheres de diferentes etnias na produção de peças como tapetes, cestas para objetos e roupas e objetos de cerâmica.
5. Presentes de encher os olhos
Surpreenda a pessoa que você pretende presentear com um colar da Da Tribu feito com fio emborrachado à base de látex por famílias da comunidade ribeirinha de Pedra Branca, na Ilha de Cotijuba, na Amazônia paraense. Ou com uma bolsa de fibras de Buriti feita por artesãos da mesma aldeia e industrializado pela Tucum Arte Indígena.
6. Repensando hábito alimentares
Boa parte da pressão exercida sobre a Amazônia está relacionada a desmatamentos e queimadas para transformar a floresta em pasto para a criação de bovinos. Além disso, a atividade pecuária também tem uma participação importante na emissão dos gases de efeito estufa responsáveis pelas mudanças climáticas. Portanto, a dica é repensar alguns hábitos alimentares considerando essa realidade. Não queremos incentivar ninguém a se tornar vegetariano. Mas será que a gente precisa de carne no prato todo dia? Leia e reflita. Se quiser saber mais como funciona essa relação, acesse o site da iniciativa Carne Ao Molho Madeira, mantida pelo Greenpeace.
7. Assine, compartilhe e denuncie
Muitas organizações ambientais e da sociedade civil mobilizam pessoas em torno de causas da Amazônia, fazendo campanhas para combater o desmatamento, invasões e atividades ilegais em terras públicas ou territórios indígenas, proteção de povos que devem a floresta e aprovação de novas leis. Quanto mais assinaturas, mais força essas petições ganham. Para assinar, é só preencher dados básicos, como nome e e-mail. Para conhecer os abaixo-assinados e petições em aberto em plataformas como a Change.org e Avaaz.
8. Cultive o hábito de doar para causas que importam
As instituições sociais que atuam pela preservação da Amazônia dependem exclusivamente de doações e de voluntários para realizar seu trabalho. Qualquer valor importa. Se o que você consegue destinar para essa finalidade é R$ 10,00 por mês, saiba que esse valor, somado ao de outras pessoas, pode fazer toda a diferença. Você também pode doar trabalho à distância, ajudando essas organizações na divulgação, organização de campanhas e preparação online ou em sua cidade, por exemplo. Escolha a sua causa e ajude a fazer a mudança!